O que fazer depois do diagnóstico de TDAH?

No artigo, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica que normalmente, muitas dúvidas surgem com o diagnóstico. Uma das mais comuns é sobre o tratamento medicamentoso. Em segundo lugar, como devemos proceder em relação à escola. Confira.

Por: Dra. Celina Vallim
18/08/2022

Com o diagnóstico confirmado, o que fazer com o seu(ua) filho(a)? Primeiramente, o médico especialista deve produzir um laudo com o diagnóstico com base no Código Internacional de Doenças, versão 10 (CID-10). O laudo garantirá ao seu filho os direitos que o assistem na escola. Sem laudo garantido por lei, a escola tende a não tomar as medidas necessárias à criança. O laudo deve conter:

  • Descrição do TDAH e como impacta a criança em questão;
  • Encaminhamentos médicos e não médicos do que ela precisa para corrigir ou remediar atrasos e déficits gerados pelo transtorno;
  • Relatos sobre o tratamento medicamentoso proposto e sua posologia;
  • Orientação para a escola se a criança precisar de reforço ou professor de apoio, além de medidas específicas de adaptação curricular.

Também é importante o laudo trazer orientações de como se deve lidar com a criança dentro e fora da sala de aula e como oportunizar meios facilitadores para as avaliações e a melhora do rendimento.

Os pais devem conhecer o que significa o TDAH e como ele afeta a performance e o comportamento do filho. Devem também serem estimulados a buscar informações de como ajudá-lo, atenuando os efeitos emocionais e de baixa autoestima. Contribuindo para esse fim, o especialista deve reservar um tempinho da consulta para explicar bem o TDAH e o que se pode esperar do tratamento.

Normalmente, muitas dúvidas surgem com o diagnóstico e este tempo da consulta é um momento especial para esclarecê-las. Uma das mais comuns é sobre o tratamento medicamentoso. Em segundo lugar, como devemos proceder em relação à escola.

A exemplo do diagnóstico, o tratamento do TDAH também é multidisciplinar, mas ressalta-se, nesse processo, o papel da relação entre os pais e a escola. É essencial que a escola acolha a família e seja solícita para ajudar no que for possível. Já a família deve entender que os ajustes na escola podem demorar um pouco, mas tendem a ser equacionadas às necessidades da criança.

A PACIÊNCIA DOS PAIS

É importante saber que nem toda escola já está preparada para atender um aluno com TDAH e o desconhecimento generalizado sobre o transtorno pode pegar a instituição desprevenida. Entretanto, as medidas que normalmente se tomam não são tão complicadas nem complexas e podem ser logo assimiladas pelos professores e gestores. A maior parte das medidas não é cara e pode ser inserida com rapidez na rotina de sala de aula.

Em paralelo com o trabalho da escola, os pais devem cuidar das medicações indicadas e alinhar ações durante as tarefas escolares em casa, ajudando a criança ou jovem a organizar seus materiais e trabalhos diariamente, até que ela assimile o processo.

“De nada adiantam brigas, discussões entre as partes, pois quem vai sofrer, com certeza, é a criança. Um panorama de beligerância acarreta constrangimentos a todos. A criança pode se sentir culpada, os pais tendem a se sentir ansiosos e inseguros. Eventualmente pode ocorrer, inclusive, um clima de perseguição.”

Quem precisa de ajuda é a criança. Reconhecer que ela tem TDAH e lidar com as consequentes dificuldades deve ser o objetivo das partes. Se a escola permanecer resistente, os pais devem procurar outra instituição capaz de se alinhar às necessidades expostas no laudo.

De maneira complementar, os pais devem empreender um esforço para demonstrar que estão cumprindo sua parte em casa. Devem chamar a criança, para uma conversa olho no olho, explicando que agora entendem o baixo rendimento na escola, passam a reconhecer que não era preguiça nem descomprometimento e que agora podem ajudar a diminuir as dificuldades.

Muitas crianças, com o passar do tempo, passam a se enxergar como incompetentes, burras, culpadas, com baixa autoestima. Vão desenvolvendo a sensação, dentro de si, de que não darão conta da escola e muito menos das exigências que aparecem nos seus compromissos da vida escolar. Os pais, ao conversarem com elas, colocam as coisas no seu devido lugar e a criança passa a ter uma nova perspectiva.

Texto extraído do livro: “Como lidar com mentes a mil por hora” – Dr. Clay Brites (Editora Gente).

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