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Pesquisa identifica causa de feridas crônicas e melhora cicatrização em 80%

Estudo realizado no Hospital do Servidor Público Estadual detecta agentes microbiológicos que dificultam a cicatrização de feridas.

Por: Correio Nogueirense
21/07/2023
Foto: Divulgação

Pesquisa do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) aperfeiçoou o protocolo de tratamento de feridas crônicas e conseguiu alcançar 80% de melhora nos ferimentos dos participantes. O resultado foi obtido a partir da combinação da punção aspirativa e da biópsia guiada por fluorescência. Juntos, os métodos usados para coletar amostras dos machucados alcançam 100% de sensibilidade a microorganismos. Os principais benefícios foram o fim da infecção e o início da cicatrização nas camadas mais profundas da ferida, além da diminuição da secreção e das dores na região do machucado.

A melhora nas feridas foi observada a partir da segunda semana do fim do tratamento com antibióticos. Os 40 participantes da pesquisa eram pacientes do Setor de Estomaterapia do HSPE. Eles realizavam o tratamento de feridas crônicas que surgiram a partir de comorbidades como diabetes tipos 1 e 2, insuficiência venosa crônica, obesidade e outras doenças relacionadas à dificuldade de cicatrização.

Para realizar a pesquisa, o critério de escolha dos pacientes levou em consideração aqueles que apresentavam feridas crônicas infeccionadas há pelo menos três meses e que já haviam realizado tratamento com antibióticos nos 90 dias anteriores ao início da pesquisa.

O estudo “Concordância da Identificação Microbiológica por Punção Aspirativa versus Biópsia Guiadas por Fluorescência Bacteriana no Diagnóstico de Infecção de Feridas Complexas” foi desenvolvido pelo infectologista Daniel Litardi e orientado pela infectologista do Iamspe Adriana Macedo Dell’Aquila. Os especialistas acompanharam os pacientes de maio de 2022 a janeiro de 2023.

Durante a pesquisa, os pacientes realizaram o procedimento de punção aspirativa por pressão negativa. A técnica apresentou exatidão de 85% no reconhecimento do microorganismo causador da infecção.  Apesar disso, o método da punção é deixado de lado na maioria dos processos de identificação das causas de infecção, pois coleta pequenas quantidades de amostra.

O infectologista Daniel Litardi ressalta a importância do uso combinado dos métodos de coleta para identificar e checar com mais precisão as principais causas de infecção nas feridas. “Em geral, nos casos de análise microbiológica de feridas crônicas, a punção aspirativa não é realizada. Com a pesquisa, queremos demonstrar que o método apresenta melhores resultados quando associado à biópsia. Além de conseguir detectar a causa da dificuldade de cicatrização com mais precisão, conseguimos também direcionar melhor a conduta medicamentosa e acelerar a melhora da infecção”, complementa.

Sobre as técnicas  

A punção aspirativa por pressão negativa utiliza seringa com agulha fina para extrair líquido das camadas mais profundas do ferimento. Com esse método, é possível coletar a secreção expelida pela ferida com quase ou nenhum contato com a superfície da pele.

A punção é deixada de lado pelos profissionais da saúde mesmo sendo uma alternativa para os pacientes com contraindicação à biópsia e ao popular “swab” – que coleta partículas do ferimento utilizando uma haste de algodão e contém alto risco de contaminação.

Já na biópsia guiada por luz florescente lilás, os pontos de concentração de agentes infecciosos se destacam sob a iluminação. A região com concentração de microorganismo se torna vermelhada com o feixe de luz. O método apresentou isoladamente sensibilidade de 90% a microorganismos.

Resultados coletados 

Os principais agentes infecciosos encontrados nas coletas por punção e biópsia foram: Staphylococcus Aureus, Pseudomonas Aeruginosa e Escherichia Coli. As bactérias identificadas são normalmente encontradas no corpo humano – na pele, na fossa nasal, no intestino etc – geralmente sem apresentar riscos à saúde de pessoas saudáveis. Porém, quando esses microorganismos entram na corrente sanguínea, podem desencadear processos inflamatórios e, no caso dos pacientes com feridas crônicas, manter os machucados abertos. Em quadros graves, também podem causar amputação do membro com o ferimento, sepse e morte.

O tratamento das feridas abertas infeccionadas foi realizado com antibióticos específicos, sendo que 70% dos pacientes receberam medicação via oral. Os principais medicamentos utilizados foram: ceftriaxona, oxacilina e vancomicina.

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