O julgamento histórico do ex-presidente Jair Bolsonaro segue em curso na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Na tarde desta terça-feira, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, foi o primeiro integrante do colegiado a proferir seu voto — e foi categórico: ele pediu a condenação de Bolsonaro pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado .
Fundamentação de Moraes
O ministro destacou que “tudo aqui mostra que a organização criminosa tentou, até os 45 minutos do segundo tempo, impedir a posse [de Lula]” e que Bolsonaro exerceu “a função de líder da estrutura criminosa”, indicando que usou “a estrutura do Estado brasileiro para a implementação de seu projeto autoritário de poder” .
Além disso, o ministro mencionou uma clara confissão do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto: “Não posso conversar, mas vocês não percam a fé…” — frase que classificou como evidência de unidade de propósito na tentativa de golpe —, incluindo o plano para o dia 8 de janeiro de 2023 .
O julgamento até agora
O julgamento começou com sustentações das defesas, manifestações da Procuradoria-Geral da República (PGR), e, desde hoje, foram iniciados os votos. Moraes foi o primeiro a votar, seguido pelos demais ministros da turma: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin . Um placar de três votos a favor da condenação será suficiente para que Bolsonaro e os demais réus sejam condenados. O julgamento está previsto para se estender até sexta-feira (12 de setembro) .
Repercussões
O caso é visto como o mais simbólico enfrentamento da Justiça brasileira com um ex-presidente, em uma das democracias mais recentes do mundo. Para progressistas, Moraes é um símbolo de defesa da Constituição; para aliados de Bolsonaro, sua atuação é considerada uma perseguição política profunda .
A tensão política também se reflete nas ruas: alinhados a Bolsonaro, manifestantes ocuparam cidades como Brasília e São Paulo em protestos contra o STF. De outro lado, o presidente Lula fez discurso em defesa da soberania nacional e do respeito às instituições .
E, internacionalmente, o processo ganhou ainda mais repercussão com reações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que qualificou o julgamento como uma “caça às bruxas” e chegou a impor sanções ou ameaças de retaliação econômica .


