Por Beto Ichiura
Há uma semana o Brasil foi surpreendido com o ataque a tiros que ocorreu na escola estadual Professor Raul Brasil em Suzano. Foram 08 vítimas além dos 02 dois atiradores mortos. E o que aprendemos com este atentado a vida?
Relembrando o caso
Guilherme Taucci Monteiro (17) e Luiz Henrique Cardoso (25), invadiram a escola estadual armados com um revólver calibre 38, uma besta, um arco e flecha, machadinhas, facas e coquetéis molotov, por volta das 09:30h do dia 13 de março. Antes de invadirem a escola, os criminosos haviam roubado um carro e atiraram no comerciante Jorge Antônio de Moraes (51), o Jorginho, tio de Guilherme, que faleceu no hospital. Os assassinos se encaminharam até a escola no veículo roubado e, pelas imagens das câmeras de segurança, invadiram e começaram o atentado contra funcionários e alunos. Guilherme foi o primeiro a entrar, atirando em alunos e funcionários. Luiz Henrique veio logo em seguida, desferindo golpes com uma machadinha nas vítimas além de agredir alunos que fugiam após os primeiros disparos. Os alunos estavam no horário do recreio. Foram assassinados os alunos: Caio Oliveria (15), Claiton Antônio Ribeiro (17), Douglas Murilo Celestino (16), Kaio Lucas da Costa Limeira (15), Samuel Melquíades Silva de Oliveira (16), além da coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Vieira Umezu (59) e a inspetora Eliana Regina de Oliveira Xavier (38). A Polícia Militar chegou rápido ao local e os assassinos, ao avistarem os políciais, se mataram.
Terceiro suspeito
A Polícia Civil de Suzano apreendeu um terceiro suspeito do atentado nesta terça, 19 de março. O menor de idade já havia prestado depoimento a polícia na semana passada, porém, por ordem judicial, voltou a ser apreendido. Em seu celular foram encontradas diversas mensagens que evidenciam a participação do menor no planejamento do crime. Mensagens do tipo “Ele fez oq a gente vivia conversando sobre”, “Mano, a gente criou esse plano quando tava no primeiro ano” e “Era para ser eu lá também” foram encontradas.
Futuros e sonhos interrompidos
Samuel sonhava em ser artista plástico, inclusive ilustrou o livro “Como Consertar um Coração Quebrado” publicado em 2018. O jovem ajudava o pai nas pregações da igreja Adventista do Sétimo Dia. “Eu só posso agradecer a Deus pelos 16 anos maravilhosos que concedeu tê-lo como filho” disse o pai Gercialdo Melquiades de Oliveira. Já Kaio sonhava em ser jornalista esportivo, fã de futebol mantinha seus amigos informados com as notícias do esporte. Era descrito pelos amigos como um menino feliz, de bom coração e de sorriso fácil, mesmo depois da separação dos pais. Já Douglas, havia saído da escola, porém retornou para ajudar a namorada Adna, que está internada vítima do ataque. Douglas chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Sonhava em ser jogador de futebol e inclusive passaria por testes no Corinthians, seu clube do coração. Sua motivação? Dar uma casa melhor para a mãe. Claiton era uma pessoa querida por quem convivia com ele. Os amigos descreveram como uma pessoa incrível, sempre disposta a ajudar e de bom coração. Sonhava em tirar seu diploma universitário. Já Caio treinava basquete pelo time da cidade. Estudava italiano e foi descrito como um menino gentil e legal. Seu melhor amigo, Alyssn Fiuza (15), relembra com carinho do amigo e disse que “nunca pensar que algo do tipo aconteceria com o amigo”.
Política
Muitos ataques políticos surgiram com o episódio. Muitos pronunciamentos foram ditos, tanto por políticos da posição como da oposição. Chegou até Artur Nogueira a discussão. “Infelizmente muitas pessoas transformaram este atentado à vida em ataques políticos.” afirmou o presidente municipal do PSL, Allan Cristian Rosa.”Muitas pessoas têm acreditado nas redes sociais e postagens sem buscar a verdade. O momento é de comoção e oração. Queremos um país em que todos possam viver em harmonia e prosperidade.” completou Rosa. Já para o articulador do PSL, Beto Ichiura, “As pessoas estão alienadas, cegas, e preferem culpar governo A ou governo B por problemas sérios que precisam ser observados e identificados por todos”. Para Ichiura “O que motivou o ataque foi um desequilíbrio, um distúrbio psicológico, e serve de alerta para pais, familiares e escolas: como estamos lidando com nossos filhos? Será que conhecemos nossos filhos? Este caso coincidiu com uma denúncia de um pai cujo o filho sofre agressões em uma escola de nosso município. Tá aí os sinais: o que tem sido feito? Muitos pais preferem transferir a ‘educação’ dos filhos para escola, mas a escola esta lá para ensinar. Educação e exemplos vem de casa”. Já a Executiva Nacional do PT divulgou nota onde afirmam “É fundamental difundirmos uma cultura de paz em nossa sociedade, restringindo o acesso às armas de fogo e possibilitando resguardar vidas ao evitar tragédias como essa”.
Internet
Viralizou nas redes sociais as imagens do ataque. Em poucos minutos milhares de pessoas compartilharam imagens e vídeos do atentado. Foi quase que instantâneo. Além disto, outro alerta foi levantado: os assassinos teriam buscado aconselhamento na “Dark Web”. Mas o que é isto? A web é feita basicamente por camadas: a Surface Web (World Wide Web), é a parte que acessamos todos os dias, a parte superficial da web. Já a Deep Web é uma camada da web que não pode ser acessada através de mecanismos de busca, como o Google ou navegadores. Seus sites não são indexados aos mecanismos de busca por questão de segurança e privacidade. Embora não sejam indexados, conseguimos acessar de navegadores comuns sites da Deep Web que exigem login. Já a Dark Web, é uma pequena parte da Deep Web porém sua quase totalidade de domínios são voltados para práticas criminosas e difíceis de se rastrear nas redes. Foi em fóruns e em alguns sites que os criminosos trocavam ideias e planejavam o ataque.
Aprendizado
Fica evidente que este atentado levanta o alerta de como nossas crianças e jovens tem sido orientadas. Seja por exemplo dos pais ou influências externas, a nossa juventude precisa de atenção e acompanhamento. “Temos que realmente pensar na dor do outro e traduzi-la em aprendizagem, até mesmo para que ela não seja em vão. Precisamos nos reunir: povo, sociedade, família, coletivo e cobrar das autoridades, políticas públicas que realmente tratem da raiz do problema, não só os sintomas. Hoje vemos e lemos nas redes sociais de várias pessoas, seja política, estudiosa ou anônima que, precisamos disso daquilo, ou daquilo outro… mas poucos dizem ou tratam do que realmente precisamos para curar o problema. Remédios são eficazes, mas a cura é a longo prazo. Afinal transformar uma sociedade leva tempo, se ainda não entendeu, analise: há quanto tempo estamos perdendo a família a qual muitos de nós conhecemos e fizemos parte? Há quanto tempo estamos imersos a tantos jogos violentos seja online ou físico mesmo? Há quanto tempo vimos ou lemos, apenas, o grito de uma categoria, clamando por melhores condições de trabalho? Enfim, deixamos a cultura da inércia de lado e enquanto brasileiros, seres humanos, lutemos por nossas famílias, crianças, jovens e adolescentes e consequentemente teremos uma sociedade infinitamente melhor” diz artigo assinado pela professora da rede estadual Rose Barbosa (40), pela professora e advogada Lucimar Ribeiro Barbosa (42) e do cantor Clovis Pe (53).