O presidente da Câmara Municipal de Artur Nogueira Adalberto Di Lábio (PSD) criticou os vereadores Neidão do Gás, Cicinho, Zé da Elétrica e Miltinho Turmeiro por citarem ele e o tenente Marcelo na denúncia que resultou na abertura da Comissão Especial de Inquérito (CEI) a fim de apurar possíveis irregularidades em um contrato realizado entre a Prefeitura e uma empresa de palestras. Em sua fala livre, o presidente da Casa disse que trabalha com a verdade, e não tem medo dela.
A denúncia foi feita por Emerson Paes, ex-presidente do partido Agir36, que alega um possível ato de corrupção. O pedido de abertura da comissão, recebido pela secretaria da Casa no dia 15 de maio, foi assinado pelos vereadores; Zé da Elétrica (Patriota), Miltinho Turmeiro (Solidariedade), Cicinho (PSB) e Neidão do Gás (PSB).
“Alguém aqui quer explicar o significado da palavra conluio? Expliquem para mim, por gentileza”, disse em sua fala livre. “Eu sou dos números e às vezes eu não sei todo o português”, diz.
O vereador Adalberto Di Lábio questiona os vereadores. “Então, foi isso que fiz aqui na Câmara Municipal, senhores? Gostaria de saber se foi isso? Trabalho com a verdade, eu não tenho medo da verdade, se eu tiver que pagar o preço, eu já fiz negócio e, porque assinei o documento, eu vendi o imóvel por metade do valor, mas vendi. Não uso bigode, mas honrei o fio”.
Adalberto cita a Resolução n.º 094. “Não é minha, o autor aqui, se não me falha a memória, é do tempo do nobre ex-vereador Silvinho, se não me falha a memória, a resolução 94, do dia 3 de março de 2015, ela regulamenta quem pode utilizar a Câmara Municipal e os caminhos legais para usar”.
A Resolução n.º 094 cita que: “Disciplina o uso do Salão Nobre, Plenário e Sala de Reuniões, da Câmara Municipal de Artur Nogueira, e dá outras providências”.
“Os espaços da Câmara Municipal podem ser utilizados por Escolas, Entidades, ONGs, Partidos Políticos e Iniciativa Privada (somente para eventos sem fins lucrativos), mediante requerimento dos responsáveis da entidade, protocolado na Secretaria da Câmara Municipal, desde que em conformidade com a Resolução n.º 094/2015”, diz o documento.
“Eu fui acusado em conluio com o prefeito, ele (prefeito) vai fazer a defesa dele, eu fui acusado de estar em conluio com o prefeito para dividir propina”, cita Di Lábio.
O vereador diz que só neste ano já recebeu muitos pedidos para o uso dos espaços da Câmara Municipal. “2024, janeiro a maio até agora eu recebi 52 pedidos de uso do plenário ou da sala de reuniões, no piso intermediário, ou do salão nobre”.
Di Lábio menciona reuniões, que foram autorizadas e realizadas nas dependências da Casa Legislativa. “Reunião para o Conseg, reunião para agenda 2030, reunião para LDO, reunião para Causa Animal, reunião para o Conselho tutelar, reunião para moradores de bairro, que o nobre vereador Nando pediu. Reunião para futebol, para esporte que o nobre vereador José da Elétrica pediu, eu sempre procuro atender da melhor maneira possível, por quê? Porque é um espaço público”.
Em sua fala, o presidente da Câmara mostra o documento de autoria do secretário de administração Aldo José Todero Júnior, solicitando o uso do salão nobre. ” O senhor Aldo, ele é secretário de administração, ele solicitou a Câmara, para mim, para fazer treinamento para o funcionalismo municipal, diga para mim, seu eu poderia negar? Que justificativa eu vou usar? Liberei! ‘Mas tinha uma empresa contratada’, não é problema meu. Eu não posso permitir que se faça evento aqui e que se cobre do povo”. Adalberto cita um exemplo. “Tem uma mocinha fazendo um trabalho aqui de inteligência motivacional, se não me falha a memória, ela solicitou para pedir um kg de alimento para uma ação beneficente, eu falei, ‘não pode’”.
“Estou em conluio, me desculpa, me desculpa, eu me senti traído, enganado, eu tenho o direito, já que não estou citando nomes, de chegar aqui e me expressar, porque tenho um nome a zelar, eu tenho um nome. ‘Você é perfeito, professor’, lógico que não”.
O presidente questiona os vereadores. “Quem dos senhores, das senhoras, de nós aqui, quem nunca errou? Mas me acusar de um crime que eu não cometi, a comissão vai trabalhar”, afirmou.
Professor Adalberto lê um trecho do documento. “Temos a data de 24 de abril de 2024, sendo o dia que conforme fotos “foi prestado o serviço aos servidores”, porém, apesar do contrato ser da Prefeitura, para os servidores municipais do executivo, foi realizado na Câmara Municipal, tudo conforme divulgação, tendo presente os vereadores Adalberto Di Lábio, Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Artur Nogueira, que certamente autorizou o uso da sede legislativa, e o vereador Marcelo de Oliveira Ribeiro que também estava lá junto ao noticiado Osmar Bria”.
“Os vereadores em conluio cederam a Câmara para “baratear” os custos da propina/curso, e ainda, com isso, se beneficiaram politicamente como se tivessem colaborado com os servidores, ato vil e desprezível”.
“Espera um pouquinho, o pedreiro, você o acha onde, na obra ou na casa dele? O professor, você acha ele onde, na casa dele ou na escola? E o vereador, você o acha onde, na casa dele ou na Câmara? É lógico que eu estava na Câmara, mas procure foto minha no evento, eu tenho uma foto com um dos palestrantes, nos corredores da Câmara, porque eu estava em atendimento público, prove que eu estava lá”, questiona Adalberto Di Lábio.
O edil diz que a mentira cai por terra. “Gente, não mente não, mentir é feio, a mentira cai por terra. Autorizei o uso, autorizei, assim como autorizei outros 51. Os vereadores, porque eles me acusam, acusam o tenente Marcelo, ou talvez os outros 10, os vereadores, sujeito oculto, os vereadores em conluio cederam a Câmara para baratear os custos da propina”.
Di Lábio questiona os vereadores, autores da denúncia. “Eu gostaria de saber, depois em particular, fala para mim, se vocês leram isso, já que foi protocolado às 16h35 e às 17h50 foi apresentado o requerimento para abrir a CEI, vocês comem comigo na mesma mesa, é isso que mereço, é isso que faço aqui? E ainda com isso se beneficiaram politicamente, como se tivesse colaborado com os servidores em um ato vil e desprezível”.
Adalberto diz que tem o direito de escolher qual partido deve estar. “Uma pessoa que não me conhece, como testemunha arrolada no processo, ela pode falar qualquer coisa, que não me conhece, mas até as partes envolvidas que fiz várias reuniões com eles, tive com eles muito tempo e eu tinha o direto de escolher os partidos para eu me filiar ou não, e depois escolheram na decisão final, eles me conhecem, conhecem minha integridade”.
“Pessoa que come na mesma mesa comigo, participa da mesma fé, vocês me traíram, desculpa. Eu não estava no evento e, mesmo que eu estivesse, isso não me condena”.
Adalberto se coloca à disposição da CEI e cita o vereador Tenente Marcelo. “Vou citá-lo aqui, ele entrou e filmou ’14 segundos’ o evento e saiu, ele também não participou do evento, mas como vai ser julgada a causa do prefeito, eu espero que a comissão delibere, eu pretendo contribuir com vossas excelências, me coloco a disposição”.
“Aí, vereador que falou que fiz conluio, tem 4 dispensas de pareceres e esse requerimento aqui pedindo investigação”, diz o Edil.
Adalberto destaca que ficou ferido com as acusações feitas na denúncia. “Por gentileza, não me entenda como agressor, mas como um homem que foi ferido. Vocês não poderiam fazer isso comigo, quem não me conhece, pode, mas vocês não poderiam, vocês conhecem minha vida”.
O presidente da Câmara Adalberto Di Lábio, finaliza sua fala deixando um recado aos pré-candidatos. “Aos oponentes e pré-candidatos do governo Lucas Sia, bom trabalho para vocês, mas, respeite. Fale a verdade, com a mentira ninguém chega a lugar nenhum”, diz.