Artur Nogueira é rica no aspecto esporte, vários atletas profissionais já saíram daqui. Mas há também aqueles que tem o esporte como hobbie, mesmo assim o levam muito a sério. Esse é o caso do nosso entrevistado de hoje. Conheça mais agora sobre Marcos Vinicius dos Santos.
Correio Nogueirense – Fale um pouco sobre você. Qual sua profissão, seus hobbies.
Marcos – Meu nome é Marcos Vinicius dos Santos, 24 anos, casado, tenho dois filhos, policial militar, sou faixa preta de karatê, esporte no qual pratico há 12 anos.
Correio Nogueirense – Como você se descobriu um atleta?
Marcos – Comecei a praticar karatê devido ao meu interesse por lutas, sendo que ao descobrir que teria aulas na cidade onde morava logo pedi para meu pai me matricular. Durante o ano nossa cidade participava de diversos campeonatos locais, lembro que passei o meu primeiro ano de competições sem conquistar uma medalha. Algo que nunca esqueço são dos retornos destas competições, meu professor sempre vinha conversar comigo após os campeonatos, me motivar, não deixou que eu desistisse de continuar participando e me motivou para que ao invés de desanimar eu continuasse me esforçando e treinando cada vez mais. Já no ano seguinte comecei a conquistar alguns 3º lugares, em alguns campeonatos consegui ser vice-campeão.
A partir daí em todos os campeonatos eu conquistava medalha, sejam elas na modalidade de luta ou no Kata (sequência de golpes pré-determinados) e comecei a alcançar o lugar mais alto do pódio. Alguns anos depois, devido ao meu desempenho, fui convocado para participar de campeonatos maiores, desta vez não representando apenas a minha cidade, mas a minha região e o nosso estado; conquistei vários campeonatos estaduais, Jogos regionais, fui campeão brasileiro escolar, vice-campeão brasileiro, conquistei o campeonato internacional realizado em Guarulhos/SP, onde participaram atletas do Chile, Bolívia e Uruguai e este ano tive a grande honra de representar o nosso país nos Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros, voltando para casa vice-campeão na luta por equipe e 3º colocado no individual. Em todos esses anos participando de competições conquistei o total de 55 medalhas, número que pretendo aumentar ainda mais.
Correio Nogueirense – Em que aspectos o esporte mudou sua vida?
Marcos – Além de todos os benefícios físicos que o esporte nos proporciona, o karatê através de sua filosofia, método de ensino e tradições me permitiu ser uma pessoa mais autoconfiante, humilde, centrada. O karatê nos fortalece tanto fisicamente quanto mentalmente, guiando nossa vida com base na humildade e principalmente com o respeito ao próximo.
Correio Nogueirense – Quais os maiores desafios que você encontra como esportista?
Marcos – Para nós que não vivemos do esporte e não contamos com patrocínio direto, o maior desafio são as competições, não digo nem em relação a campeonatos internacionais, mas sim dos campeonatos locais que ocorrem, presenciei e sei das dificuldades dos professores de karatê em conseguir ônibus para campeonatos, alimentação para atletas e taxas de inscrições. Temos que ver o esporte e as competições de maneira global, o esporte pode mudar a vida de seus praticantes e lhes oferecer oportunidades e experiências únicas, auxiliando na sua formação como pessoa.
Correio Nogueirense – Esse ano você disputou um campeonato internacional. Como foi? Qual o sentimento?
Marcos – Este foi o meu primeiro campeonato mundial e também minha primeira viajem fora do país, comecei a me planejar para este evento em janeiro deste ano, tive apoio não só da minha família, mas também de amigos que conquistei ao longo desta jornada. O centro de treinamento Ny-ray, aqui de Artur Nogueira, através do sensei Adilson e do professor Márcio, foi de essencial ajuda no meu treinamento e preparação para este evento, pois graças a eles eu pude me preparar muito bem e realizar uma excelente participação.
O meu resultado no campeonato me surpreendeu, confesso que eu já estava muito feliz em ter conseguido ir até lá para participar de um evento desta magnitude, haja vista que reuniu cerca de 65 países e contou com a participação de aproximadamente 10.000 atletas. Fiquei muito feliz com o meu resultado, fui vice-campeão na modalidade de luta por equipe, 3º lugar na luta individual e 4º lugar no kata individual, foi uma honra representar nosso país e principalmente bater de frente com países tidos como potências no esporte, adquiri muita experiência e aprendi muito lá.
Ainda em Los Angeles/CA tive a oportunidade de conhecer o lutador de UFC Lyoto Machida, o qual leva o karatê ao famoso octógono. Foi uma experiência ímpar em minha vida, conversar com uma pessoa como ele, que chegou onde os maiores lutadores da atualidade estão. Foi sensacional.
Correio Nogueirense – Quais os planos para 2018?
Marcos – Eu estou focado para o próximo Campeonato Mundial, que ocorrerá na China em 2019, já estou com projetos de treinamento, pois agora a meta é alcançar o lugar mais alto do pódio e creio que pelo fato do campeonato ser no oriente, local tido como o berço das artes marciais, haverá uma competitividade e uma pressão maior, inclusive o nível será bem mais elevado. Esse ano pretendo participar de campeonatos locais e manter um nível constante de treinamento.
Correio Nogueirense – Que conselho você deixa para quem já pensou em ter um esporte pra chamar seu, mas acha que não tem tempo ou que já é muito velho?
Marcos – O esporte é uma ótima maneira de cuidarmos do nosso corpo e mente, não devemos inventar desculpas para não praticar, sei que devido à correria do dia-a-dia acabamos deixando para depois, mas, temos que ser persistentes. Quanto à idade, todos nós já sabemos que isso não nos impede de praticar esportes, no caso do karatê eu tenho uma amiga que começou a treinar com 47 anos e hoje, já com 53 anos, ela é faixa marrom e continua treinando firme para alcançar a faixa preta, sempre participa de campeonatos e incentiva os alunos mais novos.
