O Bloco da Vaca volta a tomar as ruas no Carnaval de Artur Nogueira. O bloco, desfila no final da tarde deste domingo (19), na avenida Dr. Fernando Arens, ao som do tradicional batuque da bateria.
Geso Franco de Oliveira, explica que alguns pontos devem sempre ser colocados e respeitados:
1-) O Bloco da Vaca é o eixo do carnaval nogueirense.
2-) O início do carnaval nogueirense data de 1929, registro fotográfico da Família Stein, portanto há 94 anos.
3-) A primeira vez que os membros das Famílias: Montoya, Pulz, etc confeccionaram a vaca e a trouxeram para as ruas do distrito foi 1943 ou 1944, (época da guerra), segundo membros da Família Montoya.
A questão da data, 1930 ou 1943/44 não altera em nada a essência e o glamour que o bloco significa para o município de Artur Nogueira.
TRADIÇÃO TIPICAMENTE PAULISTA
No final do século 19, em nossa região, a “Banda do Boi” e ou “Bloco do Boi” com seus marcantes cavalinhos e vacas já seguia as tradições dos carnavais paulistas. A brincadeira foi criação dos imigrantes italianos e espanhóis que recriaram uma tradição dos tempos das “Bandeiras Paulistas”. Em Cosmópolis, então distrito de Campinas, os registros desta típica folia paulista são vinculados em publicações, noticiados em jornais campineiros e livros sobre a cidade.
Aqui em nossa cidade o “Bloco da Vaca” foi criado no sítio da Família Montoya, sua criação foi inspirada nas touradas espanholas, era chamado de “Bloco do Boi”.
Nesta época, no carnaval, quando o bloco saia da zona rural, uma grande concentração de pessoas já o aguardava nas proximidades do cemitério e dali seguiam pelas principais ruas do distrito.
Nos meados dos anos sessenta, essa prática se popularizou e não parou mais, virou patrimônio da cidade, sempre organizado por famílias nogueirenses que de tempos em tempos se revezam para cuidar do bloco.
No início não havia música, com o passar do tempo músicos da “Banda 24 de junho” em cima de uma carreta tocavam marchinhas da época, animando os foliões. Nos meados dos anos setenta surgiu o Batuque que contagia todos até os dias de hoje. Vale lembrar aqui “Romildo Cardoso”.
Ao toque incessante da bateria, homens vestidos de mulheres lotam as ruas, o personagem original, “A VACA”, feita de cipó, bambu e pano malhado é conduzida por cavalinhos enfeitados, na rua somente os participantes. Durante os desfiles participam homens vestidos de mulheres e outros mascarados ou com roupas improvisadas.
O “Bloco da Vaca” abre espaço para aqueles que querem brincar o carnaval, da forma mais espontânea. Congregam grupos de amigos, homens, mulheres, etc., bem como daqueles que aderem ao cortejo à medida que o desfile passa pelas ruas, com espaço para as improvisações, para a liberdade na forma de se trajar, de dançar.
Em décadas passadas, a vaca chifrava quem adentrasse a rua, os rapazes vestidos de mulheres iam brincando com as pessoas que assistiam na calçada, passando batom, mostrando as pernas e jogando beijos.
No final dos anos oitenta as mulheres também começaram a participar vestidas de homens e até tocando na bateria.
Em 2012, através do Projeto de Lei nº 005/2012, o bloco da Vaca foi reconhecido como patrimônio Cultural de Artur Nogueira. E em 2015 o Bloco foi tombado como bem de natureza imaterial e cultural da cidade.
1930 ou 1943?
A criação do bloco foi oficializada como 1930 com base em um registro fotográfico.
Porém antigos moradores, inclusive membros da própria Família Montoya, garantem que a primeira brincadeira de carnaval da “Vaca” saiu em 1943/1944 e frisam “era época da guerra”. Essa data também é citada no premiadíssimo documentário “ A VACA” de Marcelo de Menezes, festival de cinema de Paulínia- SP em 2008.- https://www.youtube.com/watch?v=zV5mc5L_Si0
Datas e a idade do Bloco da Vaca não alteram em nada a essência do que ele representa para o carnaval nogueirense, porém esse questionamento já faz parte da história do próprio Bloco da Vaca.
Há registros da Família Stein no carnaval de 1929 no distrito de Paz de Arthur Nogueira, portanto são mais de 90 anos de carnaval. E a Vaca se mantém viva, pois nunca se preocupou com data ou algo além da alegria e divertimento, assim mantendo sempre sua tradição.
Lembrança…
“Entre cavalinhos enfeitados
Está o personagem original
A vaca de pano malhado
Pintando e bordando nosso carnaval”
Refrão do Samba Enredo de 1981 – Escola de Samba Rubro Negra
Osni José de Souza (autor)
VVV – Vem Vaca Vem
Carnaval 2023.