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Bullying e cyberbullying: consequências e conscientização

Rildo Silveira, Presidente da Comissão de Defesa da Criança e Adolescente na Internet, explica a importância da conscientização social e quais as medidas para combater essa prática.

Por: Correio Nogueirense
14/11/2019

O cyberbullying é a prática de “bullying” por meios cibernéticos, ou seja, utilizando-se de sistemas de informática. Entende-se por bullying a prática de atos de violência física ou psicológica, de modo intencional e repetitivo, exercida por indivíduo ou grupos de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de constranger, intimidar, agredir, causar dor, angústia ou humilhação à vítima. São exemplos de bullying: condutas que visam promover e acarretar a exclusão social; humilhar; perseguir; discriminar; amedrontar; destroçar pertences; instigar atos violentos, inclusive utilizando-se de meios tecnológicos e ambientes virtuais.

No cyberbullying, conteúdos que ofendem, humilham, ameaçam e intimidam crianças e adolescentes podem ser divulgados por meio de mensagens, fotografias, vídeos, dentre outros, provocando medo, vergonha e até isolamento, sendo atualmente uma das causas de falta de evasão escolar.

Os crimes podem ser de diversas naturezas e cada situação deverá ser analisada para identificar o tipo penal correspondente. Há casos de crimes contra a honra, a integridade física, a liberdade individual e até a vida, dependendo das circunstâncias e do resultado produzido. Podemos considerar o cyberbullying como os atos de “depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social.”

Rildo Silveira explica a importância da conscientização social, “como Profissional na área do enfrentamento de crimes contra crianças e adolescentes e pelos vários casos analisados considero importantíssimo conscientizar a sociedade sobre esta prática frequente principalmente entre adolescentes. Já criei uma cartilha de conscientização sobre o bullying e cyberbullying que foi distribuída gratuitamente em muitas escolas e até em delegacias de polícia civil e batalhões da PM. Esta conscientização é importante que comece nas escolas, através de palestras de especialistas. Mais que isso, sustar o crescente êxodo escolar das crianças vítimas de bullying, e, futuramente, de todo o processo de estresse, ansiedade, depressão e outros efeitos colaterais, como dependência do álcool, drogas e forte propensão ao suicídio, que acompanharão essas crianças e adolescentes em sua vida adulta. O bullying (especialmente aquele cometido pela internet) é uma das principais causas de suicídio no mundo entre os adoles”, diz o perito.

 

O Bullying envolve muita gente?

Todos os alunos, de alguma forma, estão envolvidos com bullying em suas escolas. Eles estão entre os que praticam atos de bullying, os que são alvos, ou entre aqueles que são obrigados a conviver em um ambiente onde há bullying. 40% dos alunos estão diretamente envolvidos em situações relacionadas ao bullying.

Os meninos estão mais envolvidos com o bullying do que as meninas, tanto adotando essa prática (como autores), quanto sofrendo as suas consequências (como alvos de bullying). Geralmente, os estudantes de séries iniciais são mais vitimizados. Quem pratica bulling, geralmente, nem se preocupa em ser simpático com os colegas, gosta de ser admirado e de intimidar os outros alunos e pode vir a exercer uma influência negativa sobre o grupo. Admite-se que os que praticam o bullying têm grandes chances de se tornarem adultos com comportamentos antissociais, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas.

 

Aspectos psicológicos do Bullying

O alvo das atitudes do bullying, que pode ser um grupo ou uma pessoa, não dispõe de recursos, poder ou habilidade para reagir e impedir os atos danosos dos quais são vítimas. Em geral, as vítimas de bullying são: pouco sociáveis, inseguras (tanto que sequer procuram ajuda), têm poucos amigos, passivas e não têm esperança de se adaptarem ou serem aceitas no grupo. Sua baixa autoestima é agravada por críticas comumente feitas pelos adultos sobre a sua vida. Às vezes, chegam até a se considerarem merecedoras do sofrimento que passam. Em casos extremos, as vítimas se sentem tão oprimidas que podem acabar tentando ou cometendo o suicídio.

As testemunhas são a grande maioria dos alunos, que convivem com violência e se calam, por medo de se tornarem as “próximas vítimas”. Apesar de não sofrerem as agressões diretamente, os alunos que veem as agressões podem se sentir incomodados e inseguros sobre o que fazer. Alguns podem reagir negativamente diante da violação de seu direito de estudar em um ambiente seguro, solidário e sem temores. Tudo isso pode prejudicar de forma dramática o seu desenvolvimento escolar e social

Trata-se de um problema que se apresenta de forma diferente em cada situação. Para reduzi-lo, é essencial a cooperação de todos: diretores, professores, funcionários, alunos e pais. Quanto mais cedo o bullying for identificado, melhor será o resultado a longo prazo.

Quais são as consequências do bullying?

Quando não há uma atitude de prevenção e combate ao bullying, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todos os alunos são afetados negativamente, inclusive as testemunhas, causando ansiedade e medo. Alguns alunos até se tornam autores de bullying, quando percebem que este comportamento agressivo não está trazendo nenhuma consequência para quem o pratica. Quem pratica bullying pode levar para a vida adulta um comportamento agressivo, reproduzindo as atitudes antissociais sobre a família (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho. As medidas adotadas pela escola para combate ao bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura da não violência na sociedade. A criança ou adolescente que é alvo de bullying, dependendo de suas características individuais e sua relação com o meio social, em especial com a família, poderá não superar o trauma sofrido na escola. Poderá crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa autoestima, tornando-se um adulto com sérios problemas de relacionamento. Poderá assumir também um comportamento agressivo, ou tender à depressão.

 

O que fazer para ajudar a vítima de bullying?

Informe seu professor sobre qualquer situação de bullying que você tenha testemunhado. Se o seu amigo contou que sofreu bullying, tente convencê-lo a procurar ajuda de um adulto, pai ou professor. Procure fazer com que o seu amigo, que sofre bullying, se sinta mais à vontade no grupo.

Todas as crianças e adolescentes têm o direito de estudar em uma escola onde, além de um bom aprendizado, possam conviver em um ambiente sadio, onde exista amizade, solidariedade e respeito às características pessoais de cada um.

Lembrando que o bullying e cyberbulling são entre as principais causas de suicídios entre os adolescentes: isso deve servir como reflexão para que a conscientização sobre este grave problema social e suas consequências seja enfrentando e divulgando nas ecolas.

ATENÇÃO! O BULLYING É RUIM PARA TODOS!

PARA QUEM PRATICA
– Tem uma falsa sensação de poder.
– Pode prejudicar sua convivência com os colegas.
– Pode vir a adotar, no futuro, comportamentos delinquentes.
– Pode tornar-se um adulto violento, inclusive com a família.

– Pode se envolver em atos criminosos

PARA QUEM TESTEMUNHA
– Sente-se intimidado, indefeso e inseguro.
– Sofre em silêncio.
– Não sabe como ajudar a quem sofre bullying.
– Sente medo de ir à escola.
– Fica ansioso.
– Seu aprendizado é prejudicado.
– Pode acreditar que seja bom praticar bullying.

PARA QUEM SOFRE
Sente-se humilhado.
Sente-se intimidado.
Seu aprendizado é prejudicado.
Sofre internamente.
Não consegue buscar ajuda.
Isola-se dos colegas.
Tem medo de ir à escola.
Sua autoestima fica abalada.
Pode prejudicar sua vida adulta.
Pode tentar ou cometer suicídio.

Tipos de bullying:

O bullying pode ser dividido em dois grandes conjuntos: o contato direto, que se caracteriza como mais violento e as vítimas chegam a sofrer agressões físicas, e o contato indireto, que pode até parecer menos violento, porém acarreta problemas à vítima por se caracterizar como violência psicológica. Alguns tipos de bullying:

VERBAL: salientar características particulares da vítima através de apelidos, sarcasmo e gozação. FÍSICO: qualquer tipo de violência física – empurrões, pontapés, beliscões tapas e chutes. EMOCIONAL: isolar a vítima, ameaçar, ignorar, chantagear ou ridicularizá-la. RACISTA: insultos que remetem à cor da pele, diferenças culturais, religiosas ou étnicas.

RILDO SILVEIRA – Presidente da Comissão de Defesa da Criança e Adolescente na Internet

APECOF – Associação Nacional dos Peritos em Computação Forense (www.apecof.org.br)

Perito Judicial Especialista em Análise Criminal registrado Serviço de Perícias Judiciais do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro –

Área de atuação pelo judiciário: Crimes contra Crianças e Adolescentes – Violência Doméstica – Análise Criminal

Árbitro Jurídico e Mediador Familiar da 8a Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem do RJ

Registrado no Quadro de Mediadores: http://juizoarbitral.com.br/quadro-de-mediadores/

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