Culpar uma vítima de abuso sexual pela violência sofrida ou pelo fato de não ter denunciado isso antes, faz com que a vítima se sinta mais uma vez violada. Quem sofre um abuso sexual, um estupro passa por uma série de traumas e bloqueios emocionais impressionantes com consequências a curto e longo prazo.
Segundo Rildo se a vítima não denuncia não é porque não quer, mas é por medo, “a desconfiança na justiça, ou seja, pensar que mesmo denunciado o crime ficará impune, a vergonha e também o medo de ser julgada são os fatores que mais criam uma barreira entre a vontade e o ato de denunciar” explica o perito que já investigou e analisou inúmeros casos de estupro de vulnerável (Art. 217-A).
Rildo explica que é importante que todos tomem muito cuidado ao comentar em redes sociais publicações sobre abuso e estupro, “as palavras são como flechas: uma vez lançadas não voltam atrás. Além de todo o trauma, quem vive esse tipo de abuso ainda precisa conviver com questionamentos sobre sua conduta ou os supostos erros e isso é humilhante” disse.
O Perito diz que culpar quem sofreu abuso sexual significa desvalorizar totalmente uma vítima de um crime considerando-a responsável pelo acontecido, “culpar a vítima pela violência que ela sofreu, para ela, é uma segunda violência, ela não é culpada e nem responsável pelo que aconteceu. Ficar omissos perante aos pedidos de ajuda, repito, significa torná-la mais vítima de uma situação em que ela já foi colocada neste papel ”, explica.
“Quando uma criança ou adolescente sofre um abuso, já não se sente mais a mesma “mulher” ou o mesmo “homem, são símbolos da tristeza e da humilhação que a vítima sofreu e que está sentindo”.
Rildo fala que a culpabilização da vítima se manifesta de muitas formas. “Em redes sociais, em grupos de amigos, nas escolas e ao mesmo tempo no próprio ambiente familiar é onde mais acontece e não existe maior covardia do que culpar uma vítima de violência sexual”. afirma.
O Analista Criminal conta sobre um caso que protocolou na Policia Federal. “Recentemente protocolei na Policia Federal um dos casos mais delicados que já analisei na minha vida. Nunca vi tanta violência, quantidade e tipologias de abusos contra uma única criança”.
O Perito faz um apelo. “Nunca esqueçam de uma coisa: uma vítima de abuso sexual muitas vezes não denuncia por medo, não denuncia pelo fato de ter sido ameaçada, pelo fato de não acreditar na justiça, por vergonha, por medo de ser julgada. Mesmo capaz de separar sempre a parte profissional daquela emocional, em alguns casos, inevitavelmente a dor destas vítimas atinge meu coração, não julgue, não culpe”, pede Rildo.
Para finalizar ele fala sobre os principais motivos pela qual uma vítima de abuso sexual não denuncia:
– Bloqueio emocional devido aos traumas sofridos
– Medo de vinganças (muitas sofrem ameaças)
– Desconfiança na justiça pelo fato que muitas das vítimas pensam que mesmo denunciando não vai dar em nada
– Medo dos preconceitos e de ser julgadas (a famosa culpabilização da vítima)
– Certeza de IMPUNIDADE
Conheça quem é Rildo Silveira:
- Perito Judicial & Analista Criminal do SEJUD (Tribunal de Justiça do Estado do RJ)
- Perito cadastrado na AJG, Unidade Responsável : 32a Vara Federal do RJ (Justiça Federal – Seção Judiciária do Rio Janeiro)
- Área de atuação Profissional: Perícia e Análise de Crimes de Pedofilia, Exploração e Abuso Sexual Infantil – Violência Doméstica
- Perito em Computação Forense e Perícia Digital da APECOF (Associação dos Peritos em Computação Forense)
- Consulta Registro: https://www.apecof.org.br/index.php/associados
- Possui 2 Pós Graduações: em Análise Criminal e Inteligência Policial (Faculdade Cidade Verde – FCV)