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Conceito de inteligência

No artigo de hoje, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica que a inteligência é um conceito fundamental da psicologia moderna que todos utilizam, entretanto, quase ninguém consegue defini-la de modo definitivo ou pelo menos amplamente convincente.

Por: Dra. Celina Vallim
05/01/2023

A inteligência é um conceito fundamental da psicologia moderna que todos utilizam, entretanto, quase ninguém consegue defini-la de modo definitivo ou pelo menos amplamente convincente (Richardson, 1999). O próprio criador da principal escala de avaliação e mensuração da inteligência em crianças e adultos, David Wechsler, certa vez, ao comentar sobre a dificuldade em definir exatamente o que é inteligência, afirmou ironicamente: “O que é inteligência… ora, inteligência é aquilo que os meus testes medem”.

Refere-se à capacidade de identificar e resolver problemas novos, de reconhecer adequadamente as situações vivenciais cambiantes e encontrar soluções, as mais satisfatórias possíveis para si e para o ambiente, respondendo às exigências de adaptação biológica e sociocultural.

Deve-se deixar claro que, mais que qualquer outra função psíquica, a inteligência não é uma função material, delimitável e independente das formulações que sobre ela se faz. A inteligência é um constructo, um modo de ver e estudar uma dimensão do funcionamento mental, dimensão esta construída historicamente pela psicologia, pela medicina e pela pedagogia.

As principais habilidades incluídas no constructo inteligência são: raciocínio, planejamento, resolução de problemas, pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e aprendizagem a partir de experiência. A inteligência reflete uma capacidade mais ampla para compreender o mundo ao seu redor (AAMR, 2006).

A inteligência tem uma dimensão de rendimento psíquico. Refere-se assim às habilidades intelectivas que, com o mínimo de esforço empregado, obtêm o máximo de ganho ou de rendimento funcional.

Segundo Nobre de Melo (1979), será tanto mais inteligente o individuo quanto melhor e mais rapidamente possa compreender o que sucede, quanto maior for o campo de informações que consegue abarcar e integrar, quanto maior o número e a precisão dos conceitos e juízos que consegue adquirir e utilizar, e quanto mais rápido e adequadamente possa adaptar-se a situações existenciais novas.

O desenvolvimento da inteligência na criança, segundo Jean Piaget

Como surge e se desenvolve a inteligência em um indivíduo? De onde vêm as habilidades cognitivas que permitem ao sujeito adaptar-se continuamente às exigências de um ambiente cambiante e desafiador? Seriam elas predominantemente herdadas ou totalmente aprendidas ao longo da educação? O genial pensador e pesquisador suíço Jean Piaget recusa uma solução unilateral. Para ele, a inteligência na criança não é nem somente herdada, nem apenas aprendida. A inteligência, os processos mentais que criam, organizam e utilizam adaptativamente os conceitos e os raciocínios não são inatos, pois mudam ao longo da vida; não são também apenas aprendidos dos adultos, pois estes não nasceram com elas, foram-nas adquirindo ao longo de seu desenvolvimento pessoal. As ideias das crianças sobre o mundo são construções, que envolvem as estruturas mentais inatas e a experiência sociocultural. O desenvolvimento da inteligência, por sua vez, ocorre pela substituição (de esquemas cognitivos prévios), pela aquisição e integração de novos esquemas cognitivos, e não apenas pela adição de habilidades cognitivas.

Piaget descreveu quatro estágios do desenvolvimento. Para ele, cada fase do desenvolvimento da inteligência deve ser considerada como formada por estruturas fase do mentais e comportamentais distintas em quantidade e qualidade. Tais estruturas desenvolvem-se progressivamente ao longo da vida da criança, uma se sucedendo à outra, enriquecendo de forma gradativa a cognição do indivíduo.

No próximo artigo vamos falar do desenvolvimento de cada fase da criança.

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