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Consumo na quarentena

A arquiteta Claudia Baldasso explica que a pandemia trouxe a tendência a hábitos e comportamentos de consumo consciente. Confira.

Por: Correio Nogueirense
25/06/2020
Nossa rotina mudou, nosso consumo também. A pandemia do coronavírus evidenciou a capacidade de adaptação do ser humano. Grande parte da população teve de mudar o jeito de trabalhar, se alimentar e se divertir. Com tantas mudanças, impossível não questionar o jeito de consumir.
Naturalmente aprendemos nesse período, que o consumo por impulso não sacia nossa busca por bem-estar.
Alguns clientes me relatam que não sabiam que possuíam tantas “quinquilharias” em casa!
O contexto da pandemia acelerou tendências relacionadas ao morar e a qualidade do ambiente doméstico.
O confinamento despertou a urgência por ajustes rápidos na decoração da casa, com soluções de higiene, de organização e até para melhorar o humor da família.
Porém já estávamos dentro da casa, com conteúdo e produtos, mas ficamos mais expostos ao novo cotidiano, ao trabalho remoto, ao ensino a distância, as necessidades de higienização das compras e dos alimentos, até a forma de receber um delivery e fazer as compra online foram potencializadas.
Essas mudanças trouxeram novas necessidades de consumo e adaptação do espaço, porém trouxeram consigo a reflexão sobre o consumo consciente e seguro.
Em casa vimos que é possível plantar temperos, hortaliças e algumas espécies de frutas, dependendo do espaço disponível.
As buscas por “como fazer uma composteira”, “como fazer uma horta em casa” e “como fazer pão” atingiram o pico de popularidade no Google neste período.
Quem pode cumprir o isolamento social tem observado melhor a quantidade de produtos que consome e resíduos que produz e buscado alternativas para lidar com eles de maneira mais sustentável.
Na arquitetura que pratico por exemplo, esse é o momento de pensar que as pessoas estão em transformação nessa fase e suas casas também, precisamos pensar diferente para oferecer novas formas de bem-estar, com ideias de conforto e de saúde, ambas aliadas à economia.
O consumo e a relação cliente e fornecedor, consumidor e prestador de serviços estão sendo reconstruídas a partir das necessidades e das consequências dos novos protocolos de higiene e segurança.
É saudável revermos o consumo por impulso e refletirmos a nossa relação com as necessidades de compras.
Um efeito colateral importante da compra por impulso é o desperdício de dinheiro, que deveria ser gasto em coisas que sejam úteis para você ou em serviços e experiências que lhe tragam prazer e conhecimento.
Diminuir as compras por impulso pode ajudá-lo a ficar mais confortável financeiramente neste período, o que é saudável para qualquer um, além de liberar recursos para a compra de algo realmente necessário.
Compras desnecessárias também representam impactos negativos ao meio ambiente que poderiam ser evitados – e que acabam por refletir em nosso bem-estar.
Antes de consumir, faça o exercício de imaginar a história de produção de um produto, considerando os recursos naturais e humanos utilizados para que ele chegasse até você.
Quais são as funções realmente importantes no produto que você pretende comprar? Tendo isto em mente, compre o produto que estiver dentro deste perfil.
Na hora da compra, considere também a manutenção e a limpeza do produto. Já tenha em mente onde você irá guardá-lo. Os armários da sua cozinha, por exemplo, podem não suportar mais uma máquina especializada em fazer um prato que você gosta ou uma louça nova para servi-lo.
Tome cuidado com os equipamentos com promessas milagrosas, que dizem resolver magicamente um problema da sua vida.
Se tiver com a casa entulhada de objetos repetidos ou que não te atendem mais, pratique a atividade de “desentulhar” e a de fazer a caridade com o próximo e doe, presenteie alguém com o que você tem de sobra. Isso trará um bem estar incrível ao seu espaço e ao seu coração além de fazer mais alguém feliz com o que você comprou e agora sentiu que não refletiu bem sobre a real necessidade.
Nesse sentido a pandemia também tem despertado a solidariedade nas pessoas e a reflexão de que o bem-estar de um indivíduo depende do bem-estar dos outros.
Taí uma busca que surpreendeu até o Google. A empresa mesmo afirmou que “nunca as pessoas procuraram tanto por ‘como ajudar'”. O gráfico do Google Trends indica que o termo não havia atingido um pico de popularidade desde 2004. A marca foi alcançada em maio deste ano.
Sensibilidade será, cada vez mais, a palavra a ser seguida.
A tendência é pensar de forma integrada, com consciência, e em conjunto com a ciência, com médicos, engenheiros, sociólogos, ambientalistas, artistas, e qualquer outra atividade que não dominamos.
Encontrar novos caminhos e conectar com os novos tempos pós pandemia! Essa é minha questão diária dentro da arquitetura que pratico e certamente será o caminho para aqueles que também sofrem as consequências econômicas, físicas e mentais dessa quarentena.
Espero ter ajudado com uma visão das tendência positivas pós pandemia do que certamente serão novos hábitos e atitudes. Fiquem bem e se puder, fiquem em casa.

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