Pesquisar
Close this search box.

Crianças e adolescentes: segurança na rede e os perigos da pedofilia

O perito Rildo Silveira explica a importância dos pais estarem atentos aos perigos da rede durante todo o tempo de uso.

Por: Correio Nogueirense
04/03/2020
Como muitos sabem, os pedófilos aproveitam-se e criam perfis falsos em redes sociais, utilizando uma linguagem de fácil entendimento com o objetivo de conquistar a confiança das crianças e adolescentes até chegar á concretização do ato sexual.
O aliciamento de menores na internet pode se chegar ao abuso a partir do momento em que o criminoso consegue concretizar o encontro com a vitima aliciada através da internet (como já diz, através das redes sociais na maioria das vezes). Neste encontro, podem ocorrer crimes de sequestro e abuso físico da criança ou do adolescente. Mas, muitas vezes, o que acontece é o abuso à distância: o criminoso consegue (por ameaça, chantagem ou sedução) convencer a criança a fazer atos sexuais diante da câmera.
Como o abusador se passa por um adulto que oferece algo atrativo, ou por outro jovem, ele acaba adquirindo a confiança da criança ou do adolescente, tendo acesso a informações privadas como o endereço da vítima, a escola onde estuda e os nomes de familiares etc. É com isso em mãos que a ameaça. Infelizmente só uma pequena parte dos jovens acreditam de saber quando alguém está mentindo sobre sua identidade na internet. Sempre há incertezas a respeito de quem está do outro lado do computador, esta é a grande realidade, e esse é um dos motivos pelos quais muitos jovens afirmam de não se sentir totalmente seguros na internet. 
Outro problema é a dificuldade em conhecer e estar atentos aos perigos da rede durante todo o tempo de uso: tem jovens que conhecem alguns dos riscos, mas com certeza não todos, porque, infelizmente, as vezes os jovens estão tão “viciados”, ou numa rotina tão contínua com a internet, que acabam esquecendo dos riscos. Como forma de prevenção em redes sociais por exemplo é importante evitar adicionar em suas redes sociais pessoas desconhecidas (mesmo se amigos de amigos) ou com perfis que pareçam suspeitos, e além disso, tomar o cuidado de não compartilhar informações pessoais públicas e com usuários com identidades não certas e seguras.
Existem muitos casos de jovens (crianças e adolescentes), que entram em uma sala de bate-papo online, pela webcam conversam com estranhos que de repente pedem para as jovens mostrar as partes intimas pela câmera. Muitos desconhecem totalmente os mecanismos de proteção de informações pessoais que existem na internet (em especial nas redes sociais, como o Facebook), e nem sabem quais são os recursos empregados para garantir a privacidade dos usuários. Por este motivo é fato a existência de riscos na rede, como a possibilidade de estar se comunicando com alguém que não é quem diz de ser e a facilidade de manipulação de dados online. Uma das estratégias de aproximação utilizadas por pedófilos e abusadores é aquela de assumir o papel de aconselhadores ou amigos que estão passando por problemas similares por exemplo.
 
É importante evitar publicação, nas redes sociais, de muitas informações pessoais, fotos ou vídeos. Também não é recomendado colocar fotos com pessoas (grupos de amigos), carros (a placa localiza o endereço), casa (mostra onde a pessoa mora) e nem informações pessoais (telefones, endereços, CPF).
Como combater tudo isso? O uso consciente da internet por parte de crianças e adolescentes e o conhecimento sobre os riscos presentes na rede são pontos indispensáveis por exemplo para a prevenção contra o abuso sexual “virtual”. Mas também é preciso que os pais e responsáveis se envolvam para garantir a segurança de seus filhos.  

Quais são os riscos do uso precoce e não monitorado da internet por um menor de idade?

A internet mudou o mundo e com ela as crianças podem aprender, se divertir e entrar em contato com pessoas com os mesmos interesses. Só que em tudo isso existe um lado
negativo que é a enorme exposição de menores de idade a imagens de conteúdo adulto, a comportamentos de agressão verbal e bullying, à pornografia, além da proliferação
de crimes como roubo de identidade, uso inapropriado de dados pessoais, venda de drogas e redes de pedofilia. A conscientização é muito importante, e o convívio das
crianças com tais assuntos pode modificar a percepção do que é normal, o modo como elas se relacionam com o sexo oposto e como interagem com o mundo.
Vivemos em uma sociedade onde sexualização de crianças é vista como natural. Só para entender: um estudo americano realizado recentemente, revela que 53% dos meninos e 28% das meninas com idade entre 12 e 15 anos assistem a cenas sexo explícito na rede. A pesquisa mostrou ainda que 32% de crianças de dez anos estão expostas à pornografia online. São dados que devem servir para reflexão.

O Pedófilo pode ser considerado doente?

Para mim não. Primeiramente os pedófilos não apresentam nenhum sinal de alienação mental e por este motivo são juridicamente imputáveis POIS SABEM MUITO BEM AQUILO QUE ESTÃO FAZENDO. Assim sendo, esta inclinação de comparar, obrigatoriamente, o delito sexual com doença mental deve ser totalmente desacreditadaREPITO: O PEDÓFILO NÃO É DOENTE POIS SABE MUITO BEM AQUILO QUE FAZ. É só pensar: a dinâmica que leva o pedófilo da escolha, ao aliciamento até a concretização do abuso ou do estupro passa por todo um raciocínio, tudo um planejamento muito bem estudado nos mínimos detalhes (até na escolha da vitima). Aí pergunto: como pode ser definido doente “alguém” que está ciente de tudo aquilo que está fazendo? Então, a crença de que o pedófilo/abusador sexual atua impelido por fortes e incontroláveis impulsos e desejos sexuais é INFUNDADA. Pedofilia não é simplesmente gostar de crianças como muitos pensam: pedofilia é gostar de crianças para praticar sexo e isso é crime. Acho absurdo como ainda muitos políticos e pessoas chegam á pensar em criar planos de “reeducação para abusadores de crianças”. Quando lí isso tempo atrás fiquei sem palavras, e pensei logo “como é possível ter empatia por sujeitos que acabaram com sonhos, vida, dignidade e inocência de inúmeras crianças?”. 

Um dos principais perigos: a negligência dos pais

Ao abordar o tema “prevenção” o que mais me preocupa hoje é a conduta de muitos adultos. Muita negligência! A maioria dos pais não têm ideia do conteúdo que os filhos acessam na internet, e também nem sabem com quem eles conversam nas redes sociais e no whatsapp: isso é um perigo! Existem uma multidão de adultos que entregam com extrema facilidade (muitos deles somente para agradar as crianças) computadores, tablet ou celular (muitos até os 3!!) nas mãos dos próprios filhos sem minimamente pensar nas consequências e nos riscos que existem através do uso indevido destes dispositivos. Ser pai ou mãe no Facebook, Instagram etc, é muito fácil !!! Difícil mesmo é agir com responsabilidade e compromisso na verdadeira missão de ser pais, que é cuidar e arcar com tudo que os filhos precisam fora dessas redes sociais fantasiosas e hipócritas. A PROTEÇÃO E PREVENÇÃO AOS PERIGOS NA INTERNET PARA OS PRÓPRIOS FILHOS DEVE SER UMA PRIORIDADE !!!! Um dos maiores perigos é a negligência e irresponsabilidade de inúmeros adultos que ficam expondo publicamente os próprios filhos em redes sociais. Para quem acompanha vocês “PAIS” de fora, vocês podem até transmitir a imagem de pais cuidadosos, admiráveis, prestativos etc, mas NUNCA esqueçam que quem mais irá avaliar vocês, não são os “amigos” do Facebook, mas sim a VIDA e as consequências das próprias condutas: O AMOR PARA OS PRÓPRIOS FILHOS NÃO SE DEMONSTRA ATRAVÉS DA EXPOSIÇÃO EM REDES SOCIAIS… Amar os próprios filhos (hoje mais ainda) é preservar e proteger a imagem das crianças, que representam a parte mais vulnerável da nossa sociedade. 

Nota de agradecimento especial:

Preciso agradecer de coração 2 pessoas, 2 presentes de Deus que se tornaram importantes em minha vida: a Dra Paula Mary Delegada Chefe de Policia Federal do Departamento de Crimes Cibernéticos por tudo. Ela é a nossa principal e verdadeira referência no combate aos crimes contra crianças e adolescentes, é nosso maior exemplo e com ela aprendi que esta não é somente uma profissão, e sim uma verdadeira missão! Toda minha gratidão também ao “mestre”,o Comissário de Policia Civil Daniel Gomes da DGHPP (Departamento Geral de Homicídios e Proteção á Pessoa): seu grande exemplo e experiência me levaram a escolher o caminho profissional da Criminalística aplicado á minha área e fazer o Mestrado em Criminalística. 

 
RILDO SILVEIRA
Presidente da Comissão de Defesa da Criança e Adolescente na Internet APECOF 
Associação Nacional dos Peritos em Computação Forense (www.apecof.org.br)
– Perito em Crimes contra Crianças e Adolescentes do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
– Auxiliar da Justiça do TJSP – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
– Perito em Computação Forense e Perícia Digital da APECOF
– Detetive Profissional Associado á CONDESP (Conselho dos Detetives do Estado de São Paulo)
 Mestrando em Criminalística na FUNIBER (Fundação Universitária Iberoamericana)

Comentários

Veja também