Cristina Sambado/RTP – Grandes quantidades de bactérias podem ser libertadas à medida que os glaciares derretem. Os cientistas estão preocupados com a possibilidade de agentes patogénicos, potencialmente nocivos, chegarem a rios e lagos. Investigadores da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, insistem assim na necessidade de agir rapidamente para travar o aquecimento global.
O microbiologista Arwyn Edwards revelou que o estudo mostrou claramente, pela primeira vez, a “vasta escala de microrganismos que vivem à superfície ou no interior dos glaciares”.
“O número de micróbios libertados depende estritamente da rapidez com que os glaciares derretem e, consequentemente, da forma como continuamos a contribuir para o aquecimento global”, frisou. Os cálculos da equipa baseiam-se num cenário de aquecimento global “moderado”, como o que foi desenvolvido por um painel de peritos em clima. O que fará com que as temperaturas globais aumentem entre dos dois e os três graus celsius, em média, até 2100.
Segundo Arwyn Edwards, “à medida que o fluxo de micróbios em rios, lagos e fiordes aumenta, poderá haver impactos significativos na qualidade da água”.
“Globalmente existem 200 mil bacias hidrográficas que são alimentadas por água proveniente do degelo e algumas são ambientes muito sensíveis, pouco desenvolvidas em termos de carbono orgânico e nutrientes”.
“Noutras há muita atividade económica com milhares de milhões de seres humanos cuja subsistência depende da água que, em última análise, provém desses glaciares”, acrescentou o microbiologista.
Edwards recorda que “pensamos nos glaciares como um enorme reservatório de água congelada, mas a primeira lição desta investigação é que eles são também ecossistemas por direito próprio”.
Milhares de diferentes microrganismos são encontrados a crescer em glaciares, ou armazenados no seu interior, mas, “alguns podem ser prejudicais para os seres humanos”.
“O risco é muito pequeno, mas requer uma avaliação minuciosa”, sublinhou o microbiologista.