Durante o início da sessão, um registro público que se encontra disponível na íntegra YouTube e no perfil da ALESP, por volta dos 10min50seg é possível verificar que o deputado Fernando Cury conversa com o deputado Rodrigo Moraes (DEM), ele realiza um movimento em direção a deputada e retorna a conversar com o deputado Moraes, que tenta impedi-lo com a mão, de se dirigir a ela.
O deputado Cury, no entanto ignora o gesto e se posiciona atrás da deputada e apalpa seus seios, no que e imediatamente repelido por ela, assim que ocorreu o assédio.
A deputada protocolou ação contra Cury na quinta-feira (17) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp, que informou que vai avaliar o caso. A ação trata da “conduta inadequada e repugnante do parlamentar” e identifica o caso como importunação sexual e quebra de decoro e ética.
“Além do contato forçado, o toque ocorre em região íntima do corpo”, discorre o documento. “O acusado ao se aproximar da deputada se coloca imediatamente atrás do seu corpo, tocando região íntima do corpo feminino.”
“O ato, para além de libidinoso, é cometido também sem qualquer tipo de anuência da deputada”, segue a ação Diante do exposto, a deputada Isa Penna pede pela perda de mandato de Cury e aplicação das demais penalidades, quais seja advertência e censura. A ação foi protocolada nesta quinta-feira (17).
Ainda quinta-feira (17), a deputada também registrou um boletim de ocorrência sobre o assédio sofrido na Alesp.
Em nota, os presidentes nacional e estadual do Cidadania, sigla de Cury, disseram que o caso foi encaminhado ao Conselho de Ética do partido “para que sejam tomadas providências cabíveis e efetivas”.
Veja a nota de Fernando Cury:
“A respeito dos fatos citados, esclareço que em nenhum momento houve o sentido de desrespeitar a colega deputada Isa Penna durante esse gesto.
De fato, me aproximo dela para participar da conversa junto ao presidente da Casa, sem incitação ou conotação de tal cunho relacionado à violência contra a mulher.
No momento, ao perceber a reação da deputada Isa Penna, fiz questão de pedir desculpas para evitar qualquer mal entendido. Logo no começo do vídeo divulgado, se exibido na íntegra, é possível ver que estou “abraçado” a outro colega deputado, demonstrando assim que meu comportamento em nada tem a ver com a denúncia.
No próprio plenário, já me pronunciei sobre o caso e fico à disposição para qualquer esclarecimento.
Sou casado, pai de dois filhos e reconheço a importância de um bom exemplo dentro de casa. Recrimino todo tipo de abuso e violência contra a mulher, e reforço meu respeito e luta para nessa questão de grande relevância e destaque para nossa sociedade.
Fernando Cury
deputado estadual”
Veja a nota do Cidadania:
“Nota de esclarecimento
“Com relação ao episódio envolvendo o deputado estadual Fernando Cury, o Cidadania analisando as imagens, exige as devidas explicações do parlamentar e encaminha o caso ao nosso Conselho de Ética, para que ouvido o representado, sejam tomadas providências cabíveis e efetivas. A legenda não tolera qualquer forma de assédio e atuará fortemente para que medidas definitivas sejam adotadas. Temos uma história de luta em defesa dos direitos da mulher que nenhuma pessoa pode macular. ”
Brasília, 17 de dezembro de 2020
Arnaldo Jardim- presidente estadual do Cidadania de São Paulo
Roberto Freire- presidente nacional do Cidadania”
O governador João Doria (PSDB) e o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), também tucano Cauê Macris não se pronunciaram até o momento.
A deputada Isa Penna que já e conhecida por atuar em prol do combate a violência de gênero, relata que algumas mulheres e colegas de partido já foram assediadas em ocasiões anteriores.
Depois que o vídeo obteve repercussão em rede nacional, muitas deputadas de vários lados políticos pelo país se posicionaram denunciando violações de seus corpos. Foi necessário uma câmera registrar o momento para que tudo viesse à tona. Ser mulher é isso, ter medo de ser tocada sem permissão, desejada sem o mínimo de respeito ou assediada verbalmente.
Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que mais de 16 milhões de mulheres, cerca de 27,35% das brasileiras, sofreram algum tipo de violência durante o ano passado. De acordo com a pesquisa, 536 mulheres são agredidas por hora no país, sendo que 177 sofrem espancamento.
A pesquisa do Instituto Datafolha ouviu 2.084 pessoas em 2018. Mais da metade (52%) das entrevistadas declarou que não procurou ajuda após as agressões; 15% falaram sobre o assunto com a família; 10% fizeram denúncia em delegacias da Mulher; 8% procuraram delegacias comuns; 8% procuraram a igreja e 5% ligaram para o telefone 190 da Polícia Militar.
A violência foi cometida, em 76,4% dos casos, por conhecidos, como cônjuge (23,9%), ex-cônjuge (15,2%), irmãos (4,9%), amigos (6,3%) e pais (7,2%).
Os números indicam que o grupo mais vulnerável está entre os 16 e os 24 anos, pois 66% das mulheres nessa faixa etária sofreram algum tipo de assédio. Na faixa dos 25 aos 34 anos, o índice é de 54% e, dos 35 aos 44 anos, de 33%.
O assédio, que, segundo a pesquisa, atingiu 37% das mulheres, aparece em forma de cantadas ou comentários desrespeitosos ao andar na rua (32%), cantadas ou comentários desrespeitosos no ambiente de trabalho (11,46%) e assédio físico no transporte público (7,78%).
Em casas noturnas, 6,24% das mulheres disseram que foram abordadas de maneira agressiva, com alguém tocando seu corpo; 5,02% foram agarradas ou beijadas à força e 3,34% relataram tentativas de abuso por estarem embriagadas.
Até quando seremos tratadas dessa forma?
Lugar de mulher é na política, podemos hoje não ser maioria no executivo e legislativo do nosso país, mas hoje somos maioria da população e seremos por muito tempo.
O corpo de uma mulher é exclusivamente dela e não é algo público. Só se toca no corpo de uma mulher quem ela permitir!
Outras situações recentes de assédio sexual. “Casos como o de Mari Ferrer, vítima de estupro que foi abusada publicamente durante audiência do judiciário, ou da atriz e comediante Dani Calabresa, que foi assediada continuamente em seu ambiente de trabalho por um homem hierarquicamente superior, não podem mais continuar impunes”.
Não vamos nos calar, mexeu com uma, mexeu com todas!
#CHEGADEASSÉDIO
#JUSTIÇAPORTODAS
Comentários deste artigo post