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Está faltando água na sua casa? Relembre os últimos seis anos de ataques à SAEAN

Sucateamento intencional da autarquia é o motivo da falta de captação e tratamento da água em Artur Nogueira.

Por: Correio Nogueirense
26/10/2020

O problema da falta de chuva em Artur Nogueira não é apenas o único motivo à falta de água nas torneiras. Esse problema se repete toda época de seca prolongada, mas, de uns tempos para cá – pelo menos nos últimos seis anos – tem aumentado.

Diante da situação que vem acontecendo no município, e através de depoimento de funcionários, nota-se, um sucateamento intencional da autarquia, com a intenção única e exclusiva de concessão do Serviço de Água e Esgoto de Artur Nogueira.

Em 2014, o prefeito era Celso Capato, convocou uma sessão extraordinária na Câmara, no dia 23 de dezembro daquele ano, para votar o Projeto de Lei Complementar 585/2014, conhecida como “Lei Capato”, que dava autorização ao Poder Executivo Municipal para a exploração da concessão da SAEAN, com votação de dispensa de parecer. Na votação o Projeto foi aprovado por 8×3 entre os vereadores.

De acordo com a justificativa apresentada por Capato na época, Artur Nogueira passava por um período de crise hídrica e de deficiências no sistema de água e esgoto, onde não estava sendo possível suprir as necessidades, pois isso demandaria altos investimentos. Ele (Celso Capato) defendia a concessão do sistema de água e esgoto do município para a iniciativa privada para melhorar o serviço prestado e aperfeiçoar os custos relacionados ao tratamento e a distribuição de água na cidade.

No ano de 2015 a Zezé da Saúde, vereadora, juntamente com o Dr. Eduardo Vallim, começaram a lutar contra a concessão da Autarquia. Passaram os anos de 2015 e 2016 lutando contra a concessão. Nesse período foram três vezes ao presidente do Tribunal de Contas, até que (conseguiram) provar as irregularidades do Projeto e que o processo não era transparente, consequentemente embargaram a concessão da Saean.

Após ser eleito, o então candidato Ivan Vicensotti, que era contrário à concessão, mudou de ideia e passou a ser a favor da concessão. A crise hídrica reverteu e quem era contra a concessão, agora está a favor dela.  A Câmara de vereadores mudou em quase 70% e nela o pensamento de concessão também mudou. Ivan na época das eleições, disse que jamais iria privatizar a SAEAN, ele pode não ter participado muito, mas havia provado que a SAEAN era superavitária. Quando ganhou a eleição, foi dito que conseguiu a vitória defendendo a SAEAN. Após todo esse episódio, o prefeito mudou de ideia e em 2018 começou o processo licitatório.

O processo de licitação estava em andamento no segundo semestre de 2018, quando, em outubro, a ação popular aconteceu e a justiça suspendeu a licitação. Em defesa da Saean, foi alegado irregularidades no processo e também no Plano Municipal de Saneamento Básico, como a ausência de prestação de serviços essenciais no Plano, na ampla e total ausência de publicidade em relação à audiência pública, na exclusão da zona rural de Artur Nogueira, na elaboração do Plano, na demonstração de dano e auto risco ao patrimônio Público, além da inexistência de motivos para a concessão da Autarquia.

De acordo com a Ação Popular Movida por Dr. Eduardo Vallim, Dr. Carlos Eduardo Vallim de Castro Filho e Dr. Fábio Ulian, a SAEAN possui estabilidade financeira, funcional e operacional, sem necessidade de privatização. Além disso, a Prefeitura não possui autonomia para fazer a licitação, mas somente quem cuida do saneamento básico da cidade, no caso a SAEAN.

A prefeitura tentou provar e mudar a decisão da justiça e não conseguiu. Após desistir, a prefeitura convocou a população para a discussão da atualização do plano de saneamento básico e a concessão da SAEAN.

Em dezembro de 2019, após iniciativa de munícipes de Artur Nogueira (Rafael Odair Rodrigues, Maria Aparecida Schimidt de Barros e Benedito Antonio Jorge) representados pelos advogados: Dr. Eduardo Vallim, Dr. Carlos Vallim de Castro Filho e Dr. Fábio Ulian, que defendem a não privatização da SAEAN, entraram com uma nova Ação Popular para impedir a concessão, e conseguiram.

O escritório que advogou para Ivan Vicensotti, um dos réus no processo, Vilela Silva Gomes Miranda, que é de São Paulo, entrou na Quarta Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na segunda-feira 09 de dezembro de 2019 entrou com um pedido de suspensão da liminar que barrou o processo licitatório de concessão da SAEAN.

Os advogados de Ivan alegaram que todo o processo foi feito dentro da lei e com total transparência, e que a lei, 585/2014, mais conhecida como a “Lei Capato” dá autonomia ao Executivo para fazer a concessão.

No dia 11 de dezembro de 2019, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), manteve a liminar deferida em primeira instância, que suspendia a concorrência pública 02/2019, objetivando a concessão da Saean por 30 longos anos ao particular.

Segundo o Desembargador Luis Fernando Camargo de Barros Vidal, o juiz Dr. Paulo Henrique Aduan Correa, que suspendeu no começo do mês, dia 2 de dezembro, a licitação de concessão à iniciativa privada da SAEAN, inclusive a entrega dos envelopes que estava marcada para o dia 12 de dezembro de 2019, é conhecedor da realidade local e das carências da população.

Ainda segundo o documento, a prefeitura de Artur Nogueira não foi clara se a população rural seria atendida com uma possível privatização, “a alegação contida na minuta recursal de que a concessão será acompanhada de medidas progressivas de atendimento da população rural não é comprovada com a indicação clara e precisa dos meios e fins instituídos pela política pública, e nem se pode dar por satisfeita com a possibilidade de adoção de soluções alternativas ou individuais”.

A conclusão não é nada animadora. Há anos a SAEAN não faz melhorias no sistema de captação e tratamento da água que é servida à população. Essa informação confirma o que todo morador de Artur Nogueira sabe: A SAEAN ESTÁ SUCATEADA. E faz tempo!

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