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Morador que quase perde casa em Artur Nogueira desabafa: “ Meu sentimento é de absoluta traição por parte de Ivan Vicensotti. Prometeu e não cumpriu e ainda, quase perco minha casa”, disse

O Correio Nogueirense conversou recentemente com Pezão, sobre essa triste situação que ele passa no momento.

Por: Correio Nogueirense
04/07/2020

“O meu sentimento é de traição “.  Como minha mãe sempre falou, você quer saber quem é seu verdadeiro amigo? Você quer ver o caráter da pessoa? Dá poder para ele, aí você vai ver de verdade quem é a pessoa, desabafa o desempregado Edilson Aparecido de Souza, de 46 anos, após a Justiça anular o leilão da venda de uma casa humilde, que pertence ao morador, conhecido popularmente como “PEZÃO” em Artur Nogueira, no bairro Laranjeiras, o que o colocaria fatalmente no olho da rua se não houvesse a anulação do leilão determinado pela justiça.

O arrematante e comprador que é desta cidade, arrematou judicialmente o imóvel por apenas R$ 51.793,20, sendo seu preço de mercado algo em torno de R$ 146.000,00 e terá seu dinheiro devolvido pela prefeitura do município segundo constou no despacho judicial.

O Correio Nogueirense conversou recentemente com Pezão, sobre essa triste situação que ele passa no momento. Ele nasceu na cidade de Pereira Barreto (SP), mais veio para Artur Nogueira ainda criança. Edilson, tem alguns problemas de saúde, sendo o mais grave a epilepsia e devido a esses problemas que estão acontecendo, em uma semana, ele foi parar no pronto socorro quatro vezes por ferimentos em seu corpo.

Pezão conta que tudo começou com uma conversa entre e o então candidato a prefeito de Artur Nogueira, Ivan Cleber Vicensotti (PSB), que o convidou para trabalhar em sua campanha. “Eu trabalhava no supermercado pague menos há dois anos, eu era pré-candidato a vereador do lado do prefeito Ivan Vicensotti. Na época o prefeito disse: “fica tranquilo, pede a conta no mercado, a gente é amigo há muitos anos, estudamos juntos, ajuda na minha campanha, que eu ganhando, os 4 anos você vai estar empregado, vai dá para você pagar suas contas, eu vou dar um jeito de ajudar você se aposentar por causa dos problemas que você tem (epilepsia) ”. Então para mim era mais prático, aí eu fui. Na época minha mãe era viva e me disse: “Olha, cuidado com promessas”. O meu pai já estava bem debilitado, a gente vivia correndo com ele, aí eu pensei, para mim é mais prático, eu tinha a promessa que estaria ganhando mais, no mercado eu ganhava um salário mínimo e trabalhava das 14h30 às 22h20”.

Edilson explica como a prefeitura agiu em relação ao “leilão” de sua casa. “Meu pai já estava ruim, aí pegaram os papéis do IPTU da casa para fazer a isenção, eu perguntei para a pessoa e a pessoa falou que estava resolvido. Aí vieram com uma conversa que enviaram várias cartas, mas o engraçado é que essas cartas estavam todas com o endereço incompleto, falaram que uma das cartas de cobrança da prefeitura a vizinha do bairro que assinou, mas que vizinha assinou essa carta? Pelo pouco que eu entendo de lei, eu não posso assinar uma carta judicial de outra pessoa. Só que essa pessoa que assinou não mora no bairro, ninguém sabe quem é essa mulher. Aí quando foi dia 2 de abril (2020), eu estava aqui na minha casa, o carteiro parou e me entregou uma carta comunicando que a casa ia a leilão, sendo que perito não veio analisar a casa, não veio fiscal de justiça, simplesmente a carta foi enviada pelo correio”.

Pezão fala do sentimento depois de receber a carta sobre o “leilão” e conta a quem recorreu para ajudá-lo em um momento tão delicado da sua vida. “Para mim foi um baque, aqui eu moro sozinho, aí eu levei a carta do fórum para minha irmã ver, e falei, olha a casa está indo a leilão por causa da dívida de sete mil reais, ela pegou a carta e levou ao Dr. Eduardo Vallim os quais se fizeram acompanhar pelo corretor de imóveis Edson Croife ao escritório do referido advogado. A minha sobrinha foi na prefeitura, acho que no dia 3 ou 4 se não me engano, tentar negociar a dívida e não deixaram, falaram que não podia mais, eu não consigo entender, se você quer negociar para pagar, como que não pode? A prefeitura me negou o direito ao pagamento da dívida, que seria suportada por amigos e parentes”.

Edilson conta que a vizinhança ficou revoltada com a decisão da prefeitura, e ainda, sendo que o arrematante foi verificar o imóvel que seria leiloado, tendo sido alertado por moradores que no imóvel residia uma pessoa de nome Pezão. Mesmo assim, o arrematante sabendo que no imóvel residia uma pessoa doente, não demonstrou qualquer compaixão ou solidariedade para com Pezão, e acabou por arrematar a moradia de Pezão.

Pezão chegou a trabalhar na prefeitura municipal por alguns meses, depois foi exonerado, hoje o ex-funcionário da prefeitura conta que o seu salário nunca correspondeu ao cargo de confiança que ocupava, inclusive sendo alertado por uma assistente social. “Quando eu fui fazer perícia no meu braço, a assistente social disse, “Nossa você é assessor de esportes, cargo de confiança, deve ganhar bem na prefeitura né”. O cargo que eu ocupava não era para ganhar menos que três mil reais por mês, mas teve dois meses que eu ganhei R$ 900. Aí eu comecei a cobrar, eu fazia lista de pedido de compras do que estava faltando, mas não tinha o que fazer. Quando viram que começou a incomodar, chegou em abril de 2018, que eu bati de frente com eles, faltando dois dias para eu sair de férias, cheguei na prefeitura e bati de frente com ele, cobrando, eu falei que não ia deixar zelador ficar tirando dinheiro do bolso para comprar material não, porque vem verba para o esporte. Quando foi na segunda-feira, fui no RH para assinar minhas férias, me disseram que o prefeito tinha ido levar uma carta exonerando o meu cargo. Fiquei´ na prefeitura um ano e meio. Aí de lá para cá a conta só veio aumentando, aumentando, foi quando chegou no ponto de cortar a minha água, depois cortaram a minha energia. Nesse tempo que estive lá eu nunca recebi o salário que deveria receber. A partir do momento que você entra numa prefeitura, você é cargo de confiança do prefeito, qualquer um que é cargo de confiança o salário não pode ser menor que três mil, isso foi a própria assistente social que falou para mim”.

“A realidade é que infelizmente você se sente traído né”, afirma Pezão. “Porque, se eu chego e estou com você e você come pão com salsicha, eu como pão com salsicha, se você come pão com mortadela eu como pão com mortadela, certo? Eu procurei, até o último instante, mas em momento nenhum eu fui recebido pelo prefeito, a única coisa que eu ouvia era  que, ele não estava. Eu procurei ele, quando fui mandado embora, para saber a verdade do porque ele havia feito isso, mas não o encontrei. Aí foi quando o leilão aconteceu e a casa foi vendida, a família arrematou, é estranho demais”, fala com sentimento de tristeza Pezão.

O morador explica que sempre procurou dialogar para resolver a situação, mas a atual administração sempre virou as costas. “Eu estou sem energia, sem água, eu pego água com o vizinho do lado, ele que cede para eu pegar o galão, porque até o último momento eu tentei procurar para resolver, e sempre ele (prefeito Ivan Cleber Vicensotti) não estava. Aí quando eu procurei o Edésio (Lopes), que é muito meu amigo, ele ligou na hora para o Anderson (Guidotti, secretário de Administração), aí o Anderson falou que não tinha acontecido leilão nenhum, e pediu para eu ir falar com ele. Eu fui, mas cadê? Qual a resposta que tive? Ele (Anderson) não está. Aí falaram para mim que não tinha mais o que fazer, que a minha casa tinha sido vendida, e a prefeitura não poderia devolver o dinheiro da pessoa. Só que até hoje, desde quando aconteceu esse leilão e essa compra, a pura verdade é que nem eu e nem minha irmã sabia por quanto tinha sido vendida essa casa. Porque a gente perguntava no departamento jurídico da prefeitura e eles diziam que não sabiam, a gente nem sabia até quando a gente podia recorrer, quando a gente entrou com recurso faltava 3 dias só”.

Edilson diz que conta com a compaixão dos vizinhos e de amigos para sobreviver, e segundo ele, não precisaria estar passando por esta situação. “Está faltando alimento, gás, então eu como de vez em quando na minha irmã, de vez em quando em uma amiga minha, o pastor da igreja que eu vou, tipo assim, um dia na casa de um, outro dia na casa do outro, sendo que não precisava de nada disso. Quando você está empregado, pouco ou muito, você tem de onde tirar, uma pessoa que mora sozinha, o pouco que tem, dá para manter, só que a pergunta que faço para o prefeito, eu queria ver e saber dele, se ele consegue viver nessa vida, se ele consegue viver essa vida aqui, porque é que nem eu falei, antes de vocês chegarem eu peguei água com o vizinho aqui. A força tá cortada, a água tá cortada”.

Pezão lembra de um ditado que sempre escutou de sua mãe e agora ele tem certeza que é real. “O meu sentimento é de traição, é que nem minha mãe sempre falou, você quer saber quem é seu verdadeiro amigo? Você quer ver o caráter da pessoa? Dá poder para ele, aí você vai ver de verdade quem é. Simplesmente traição. Se o juiz não acatasse o recurso, eu teria que sair da casa. Eu não tinha para onde ir”.

“A mensagem que eu gostaria de deixar, principalmente para quem vai ler é: vamos parar e analisar, porque tem muitos com promessas, na hora de ganhar seu voto, é seu amigo, eu vou fazer, você pode contar comigo, o meu gabinete vai estar aberto para você. Mas quando ganha, a porta fecha pra você, a porta fecha até em cesta básica. Para eu chegar nesse ponto e ganhar uma cesta eu chorei lá”, finaliza o ex-funcionário da prefeitura Edilson Aparecido de Souza.

O Correio Nogueirense entrou em contato com o prefeito Ivan Vicensotti, mas até o momento não obtivemos resposta.

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