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O drama das crianças vítimas de estupro

O Perito Rildo Silveira explica sobre o drama vivido por essas crianças e dá dicas de prevenção aos crimes de pedofilia na internet. Confira.

Por: Correio Nogueirense
04/06/2019

A maioria das vítimas ficam em silêncio. Apenas 10% dos crimes são notificados. A Polícia Federal trabalha muito no combate à exploração sexual de crianças especialmente sobre divulgação, compartilhamento, produção e venda de material de pornografia infantil, segundo Rildo Silveira, de fato são verdadeiros atos monstruosos, atos de torturas que só quem atua na área pode entender.

“É preciso acabar com este mito de que o pedófilo/abusador age por impulso. Existe toda uma estratégia de aliciamento, uma dinâmica, um planejamento e como já disse várias vezes, o pedófilo sabe muito bem aquilo que faz, não sofre e não passa por nenhum tipo de alienação mental. Então exatamente por este motivo é juridicamente imputável”, explica.

Segundo o Perito, a maioria dos abusos contra crianças acontecem com pessoas próximas ao convívio com a vítima, e quando isso acontece é porque houve sem dúvidas todo o sistema que falhou, aquela família falhou na segurança da criança.

“Precisamos urgentemente de um plano de enfrentamento e combate a pedofilia, exploração e abuso sexual infantil”, diz o Perito.

Estes criminosos sexuais que cumprem pena por pedofilia ou abuso, uma vez fora, voltam a cometer os mesmos crimes. Segundo Rildo, alguns casos inclusive, os sujeitos que responderam por crimes de estupro de vulnerável conseguiram emprego até em creche.

“Lembro de um detalhe mencionado em uma palestra pela Doutora Paula Mary, delegada chefe da Polícia Federal, principal referência para todos nós que atuamos na área do combate à pedofilia e exploração sexual infantil, falou de um caso de um pedófilo que conseguiu emprego numa creche, durante a troca de mensagens com outros pedófilos diz que “parecia estar na Disneylândia”, pois, além de muitas crianças estava até ganhando dinheiro”.

Segundo o Perito, existem detalhes que não são enfrentados pela mídia nem pelas instituições, e que deveria ser verdadeiro motivo de debate e discussão para chegar a uma rápida solução. “Estou falando da prática comum, do fato que quando diretores de creche e escolas sabem que um funcionário abusou ou aliciou uma criança, ao invés de denunciar prefere somente dispensar, mandar embora o funcionário abusador, somente para deixar tudo aí, sem que nada possa vazar e prejudicar a imagem da escola e a própria também. Quando falamos de 1.000 – 2.000 – 3.000 arquivos encontrados num pc de um pedófilo, é falado somente do número de arquivos, mas não é assim. É preciso esclarecer que foram encontrados 1.000 – 2.000 – 3.000 arquivos de estupro de crianças: esta é a verdadeira face da realidade. Então é preciso ser bem claro e direto quando falamos de “pedofilia”, “abuso sexual infantil” e “exploração sexual infantil”, pois as pessoas precisam entender, explica Rildo.

Porque não falar de detalhes? Quais os danos de uma criança vítima de abuso sexual? “Vejo muitas matérias, publicações sobre pedofilia e abuso sexual infantil sem saber e sem ter muitas informações sobre aquilo que são de verdade estes crimes. Uma criança vítima de estupro passa pelas piores torturas, pelas piores humilhações e por consequências devastadoras; crianças sem contração do esfíncter, que morrem por causa de rompimento de órgãos internos, que tem vagina dilacerada por conta de várias práticas que considero verdadeiras sessões de torturas”.

Rildo esclarece a idade e o porquê o abuso pode acontecer, “gostaria de esclarecer que quando falamos de crimes de abuso sexual contra menores falamos de crianças com fraldas, crianças de 10 meses, crianças de 1-2 anos, crianças de 5 anos, até chegar aos adolescentes. Cada uma destas vítimas vive e passa por situações que marcarão a própria vida para sempre. Quando isso acontece é porque estamos perante a uma falha total do sistema: da família que na verdade não existe, e principalmente é evidente a destruição de tudo aquilo que são os verdadeiros valores e princípios da vida, uma criança além de representar a parte mais vulnerável da sociedade chega a ter a própria vida, sonhos, dignidade e incolumidade totalmente roubados e destruídos, esta é a realidade. Por este motivo que precisamos de verdadeiros planos de enfrentamento”, explica.

Em qualidade de Perito e Analista de Crimes de pedofilia, exploração e abuso sexual infantil, Rildo convida a todos para se juntar, divulgar, promover incentivar e criar campanhas de enfrentamento aos crimes de pedofilia e exploração sexual infantil, “ sugiro, e falo de coração, que tudo isso seja feito com empatia, com consciência e por pessoas competentes e não por aquela categoria de pessoas que usam causas sociais fingindo que estão ajudando quando o único objetivo é ter proveito e lucro, não precisamos destas pessoas, pois, são e representam mais um problema dentro de um gravíssimo problema como a pedofilia”.

Rildo deixa algumas dicas e alertas para os pais sobre a prevenção aos crimes de pedofilia e aliciamento de menor na internet:

  • Fale às crianças sobre a pedofilia, explique que há homens e mulheres mal-intencionados na Internet. Aproveite para passar a velha ideia do “não fale com estranhos”, que pode ser muito bem aplicada à comunicação virtual: ensine a criança a não fornecer informações pessoais como nome, endereço e escola em que estuda em conversas pela Internet, a não enviar fotos para pessoas que conheceu pela Internet e a não receber dessas pessoas nenhum tipo de arquivo.
  • Conheça os amigos que a criança faz no mundo virtual. Assim como podem surgir boas e duradouras amizades, também podem aparecer pessoas com más intenções. Explique a ela que as coisas vistas e lidas na Internet podem ser verdade, mas também podem não ser.
  • Não permita que seus filhos marquem encontros com desconhecidos com quem travaram contato pela Internet sem o seu conhecimento. Se você permitir que o encontro seja marcado, que seja em um local público. E, claro, acompanhe seu filho.
  • Evite colocar o computador no quarto dos seus filhos. Dê preferência à sala ou a algum outro cômodo da casa que proporcione a navegação à vista da família e a livre circulação no ambiente. Isso dificulta o acesso do pedófilo à criança.
  • Converse e estabeleça regras e limites para o uso da Internet, adequadas à idade da criança. Fixe um horário ou tempo limite de acesso, converse sobre os sites e serviços que ela pode ou não pode usar e explique o motivo. Monitore o uso de salas de bate-papo e de comunicadores instantâneos.
  • Use os recursos para bloquear o acesso a todo e qualquer site ou conteúdo que considere inapropriado para o seu filho. Você também pode utilizar programas de filtragem de conteúdo que estão disponíveis na Internet.
  • A comunicação é fundamental. Mais do que qualquer programa ou filtro, a conversa sincera entre pais e filhos ainda é a melhor arma para enfrentar os perigos da pedofilia – e muitos outros.

Os pais devem prestar atenção, se:

* o filho passa muito tempo online sozinho, principalmente à noite
* encontrarem pornografia no computador utilizado pela criança
* o filho recebe ligações telefônicas de adultos que a família não conhece, ou se ele está fazendo ligações, às vezes de longa distância (interurbanos), para números que igualmente não conhecidos;
* o filho recebe e-mails, presentes ou pacotes de alguém que a família não conhece;
* o filho desliga o monitor ou muda rapidamente o que está na tela do computador quando alguém se aproxima;
* o filho começa a ficar afastado da família;
* o vocabulário começar a incluir termos referentes à sexualidade (no caso de crianças menores)

Evitem expor os próprios filhos em redes sociais, em status do Facebook, em status de WhatsApp, pois a exposição pública é perigosa. Tenham consciência!

 

RILDO SILVEIRA – Perito Judicial e Analista Criminal SEJUD registrado no Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro nas seguintes áreas de atuação: Perícia e Análise de Crimes contra Crianças e Adolescentes – Violência Doméstica.

Perito em Computação Forense e Perícia Digital da APECOF (Associação dos Peritos em Computação Forense) https://www.apecof.org.br/index.php/associados e Analista de Segurança da Informação Nível SR afiliado a ASEGI – Associação Brasileira de Profissionais e Empresas de Segurança da Informação e Defesa Cibernética

 

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