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O que é cognição social?

No artigo de hoje, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica que a cognição social é como processamos a informação, ou seja, como compreendemos e explicamos como cada pessoa se percebe e percebe as outras, e como essas percepções permitem explicar, prever e orientar o comportamento social.

Por: Dra. Celina Vallim
19/05/2022

Começou o relacionamento com o nosso melhor amigo? Primeiramente, conhecemo-nos em algum lugar, conversamos sobre diversos assuntos e mantivemos a conversa dentro de um contexto, sempre um esperando a vez do outro para falar, com troca de olhares com intenção de comunicar algo, comportamentos não verbais como gestos e expressões faciais, praticando o brincar simbólico e de forma funcional (dar a função para o objeto). algum tempo, interagimos cada vez mais e começamos a o contexto da interação social em que nos desenvolvemos desde crianças.

Quando as crianças completam 2 anos, espera-se que elas já tenham brincado de maneira simbólica e funcional, isto é, brincadeiras que dão função a um brinquedo, assim como estejam reproduzindo situações experienciadas previamente e vivenciadas de alguma forma, como filmes e peças de teatro. Com esse tipo de brincadeira, a criança começa a aprender e a se colocar no lugar do outro.

As crianças aprendem brincando e dramatizando suas experiências e também com a convivência com outras crianças na escola, no parque e nos centros esportivos. Essa interação ensina a lidar com frustrações e com outras crianças, e a resolver seus problemas. Dos 4 aos 5 anos, as crianças devem ser capazes de distinguir a realidade de crenças, além de já compreenderem o que o outro pode pensar.

É importante deixar a criança brincar colocando suas emoções diante das atividades, para que aprenda a lidar com elas, a resolver seus problemas e a interagir com as outras, conseguindo assim desenvolver suas habilidades sociais. Para que isso aconteça, precisamos do funcionamento adequado da capacidade da cognição social.

A cognição social é como processamos a informação, ou seja, como compreendemos e explicamos como cada pessoa se percebe e percebe as outras, e como essas percepções permitem explicar, prever e orientar o comportamento social. E por meio da cognição social que entendemos as emoções, os pensamentos, as intenções e as condutas sociais dos outros, bem como as sutilezas sociais, como ironias, metáforas, duplo sentido, sarcasmo etc.

Nas interações sociais, conseguimos nos colocar no lugar do outro, ou seja, compreender o que outras pessoas pensam e sentem, além de perceber o contexto geral e não somente os pequenos detalhes. Todas essas capacidades cerebrais se traduzem em como a criança se coloca no ambiente e interage com ele, isso é chamado de comportamento.

O que é comportamento?

O comportamento é entendido pela relação entre a pessoa com o meio ambiente, e essas interações se dão por meio de trocas ao longo da história de vida de cada um. Ou seja, o comportamento depende de onde viemos e de como fomos.

Estudiosos dividem o comportamento em dois grupos: os que são aprendidos durante a nossa vida, como abraçar, pensar, sentir, pular e correr, e os que são herdados pela nossa espécie, como assustar-se, tossir, espirrar e respirar. O que nos interessa são os comportamentos aprendidos, pois temos a chance de modificá-los. As pessoas agem em relação ao mundo de acordo com o seu entorno, que produz consequências. Estas podem ser alteradas, diminuindo ou aumentando as chances de manifestarem novamente o comportamento.

Quando a consequência de um comportamento vai ao encontro da demanda da pessoa, normalmente ela tende a repeti-lo; porém, quando a demanda é frustrada, há, em geral, uma redução do comportamento.

Todo comportamento tem uma função?

Todos os comportamentos, sejam os considerados “adequados” ou “inadequados”, possuem uma função e devem ser analisados no contexto em que ocorrem.

Quando conseguimos perceber a função do comportamento, ou seja, por que determinada criança está se comportando de certo modo, é necessária uma análise do que aconteceu antes, se ela queria alguma coisa, o que fez, quem estava com ela, como ocorreu e o que aconteceu depois do comportamento (por exemplo, a criança conseguiu o que queria?). Quando identificamos e entendemos a função do comportamento, conseguimos fazer intervenções, pensando em como modificar o ambiente a fim de deixá-lo mais acessível ao aprendizado de cada um.

Ao percebermos a função do comportamento, podemos reforçá-lo e modificar o ambiente utilizando algo que aumente as chances de ele acontecer em situações futuras. Isso pode ser utilizado sempre que se perceber um comportamento adequado e funcional, pois reduz as chances de um problema de comportamento acontecer. Caso isso não aconteça, pode-se utilizar o redirecionamento, ou seja, dar modelo de comportamento adequado e dizer o que o indivíduo pode fazer alcançar o que deseja.

 

Fonte: Livro: Como lidar com o autismo – Editora hogrefe.

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