O perfil neuropsicológico é o resultado do funcionamento cognitivo determinado por meio da avaliação neuropsicológica. Esse tipo de avaliação vem de uma grande área de estudos chamada neuropsicologia, que é uma interface entre a neurologia, a psicologia, a fonoaudiologia, entre outras, e estuda as relações entre cérebro e comportamento humano.
O processo de avaliação neuropsicológica é flexível, ou seja, varia de acordo com a necessidade de cada indivíduo. Geralmente, ela avalia as capacidades cognitivas, como resolução geral de problemas e processos lógicos (QI), a percepção do ambiente, a atenção, o armazenamento da informação (memória), a linguagem, o pensamento, a organização, o planejamento (funções executivas) e a cognição social, como a teoria da mente, o reconhecimento de emoções e a atenção compartilhada. Ela estabelece sua relação com a neurofisiologia por meio da análise de exames de neuroimagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética) e neurofuncionais (EEG).
Os resultados da avaliação neuropsicológica são comparados com o desempenho das capacidades cognitivas correspondentes a uma determinada amostra normativa, ou seja, com a média de desempenho da maioria da população com desenvolvimento típico, considerando-se o nível de escolaridade e as características socioeconômicas. Esses resultados indicam o quanto o desempenho está dentro da média esperada ou o quão diferente (acima ou abaixo) está em relação ao desenvolvimento esperado,
O perfil neuropsicológico mapeia áreas em potencialidade ou com maior dificuldade, bem como as comorbidades associadas, e a partir dele será elaborado o plano de tratamento, estratégias e condutas dos terapeutas e da escola para a melhora na funcionalidade no dia a dia e na qualidade de vida do indivíduo.
Como vem sendo caracterizado o perfil neuropsicológico no TEA?
No TEA, algumas alterações no perfil neuropsicológico englobam dificuldades para realizar e concluir uma atividade mais complexa e para controlar um comportamento muitas vezes impulsivo. Além disso, os indivíduos com TEA podem ter dificuldades para esperar por sua vez.
Geralmente, essas pessoas apresentam comportamentos rígidos no padrão de atividades ou são muito apegadas a rotinas, querendo fazer as coisas sempre do mesmo jeito. Tendem a falar sobre o mesmo assunto repetidas vezes ou, quando crianças, brincar sempre da mesma coisa. Além disso, podem ter dificuldade em planejar o sequenciamento de tarefas ou manipular a informação verbal, ou seja, associar o que ouvem com o repertório que já conhecem para resolver uma situação. Em geral, as pessoas com TEA não conseguem se comunicar de forma fluente e adequada, pois têm vocabulário restrito e apresentam dificuldade de estabelecer categorizações (separar elementos da mesma categoria: frutas, alimentos, vestimentas, transportes etc.). Apresentam também dificuldades significativas na capacidade de cognição social.
Fonte: Livro: Como lidar com o autismo – Editora hogrefe.