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Perguntas e respostas sobre a doença de Alzheimer

No artigo de hoje, a neuropsicóloga Celina Vallim, esclarece as principais dúvidas sobre a doença. Confira.

Por: Dra. Celina Vallim
01/12/2022

O que é a doença de Alzheimer?

Alzheimer é uma doença progressiva e irreversível que ataca o cérebro e lentamente afeta a memória, a identidade e o comportamento, com impacto no funcionamento social e ocupacional. A doença de Alzheimer não faz parte do envelhecimento normal, e causa grande estresse no âmbito familiar.

 

Quais são os sintomas mais comuns? Qual sua duração?

Em sua forma típica, caracteriza-se por uma perda progressiva da memória e de outras capacidades mentais, à medida que as células nervosas (neurônios) morrem e várias zonas do cérebro se atrofiam. A duração da doença costuma variar muito de um paciente para outro, e traz consequências médicas e sociais devido ao elevado custo econômico e, fundamentalmente, humano.

 

Quais são os tratamentos?

Ainda não há cura para a doença. No entanto, a combinação de medicamentos adequados, terapia ocupacional e estimulação cognitiva pode retardar a progressão dos sintomas. Outro elemento muito importante a levar em conta é o cuidado com o estresse de cuidadores e familiares. O estresse no cuidador é considerável, já que ele pode causar depressão, ansiedade, perda da independência pessoal e problemas financeiros. Há grande otimismo a respeito de um horizonte próximo para novos e importantes avanços no tratamento do Alzheimer. Muitos laboratórios estão realizando pesquisas e ensaios clínicos em busca de tratamentos possíveis para a doença.

 

Quais são os genes que, até agora, estariam implicados no desenvolvimento do Alzheimer?

Em relação aos fatores genéticos associados com a doença de Alzheimer é importante ter claros três conceitos importantes:

  • Não há um único gene responsável pela doença de Alzheimer.
  • Os fatores genéticos são responsáveis pela enfermidade apenas em um pequeno número de famílias (entre 1% e 5% dos casos) que apresentam a doença em etapas precoces da vida (antes dos 65 anos).
  • Na maioria dos casos a doença tem algum componente genético, mas os fatores hereditários não explicam por que alguns desenvolvem a doença enquanto outros não.

A maioria das pessoas com doença de Alzheimer não apresenta um risco genético identificável.

 

Há relação com problemas cardiovasculares?

O que é ruim para o coração também o é para o cérebro. Há uma considerável evidência epidemiológica que relaciona os fatores de risco vascular com a doença de Alzheimer. Na realidade, muitos dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares elevam o risco de uma pessoa padecer de Alzheimer, assim como de outras demências.

 

Há relação com dieta, fazer (ou não) exercício físico, diabetes ou obesidade?

A ideia de desenvolver estratégias de prevenção para a doença de Alzheimer é resultado direto do que pesquisadores aprenderam nos últimos anos sobre os fatores de risco, epidemiologia e interações genéticas e ambientais. No momento, não estamos seguros das causas que levam à demência. Isso significa que é difícil garantir que se possa fazer alguma coisa para preveni-la. No entanto, há evidências que parecem indicar que uma dieta e um estilo de vida saudáveis possam nos dar proteção. Em particular, não fumar, fazer exercícios regularmente, evitar alimentos gordurosos e manter-se mentalmente ativo na velhice podem ajudar na prevenção do desenvolvimento de demência vascular ou doença de Alzheimer. Tudo isso porque é cada vez mais preocupante a evidência epidemiológica de que os fatores de risco vascular (diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, dietas ricas em gorduras, tabagismo etc.) e outros, como a intoxicação crônica leve por metais como o cobre, favorecem também o desenvolvimento da doença de Alzheimer em pessoas geneticamente predispostas. Muitos desses fatores podem ser controlados por meio de dieta, manutenção de um peso corporal adequado e alguns medicamentos, o que aumenta sua importância epidemiológica. O mesmo se pode dizer da chamada “reserva cognitiva”. Pessoas com mais capacidade cognitiva natural e adquirida (quociente intelectual, cultura, estudos acadêmicos e participação em atividades intelectuais e de diversão, como jogos de mesa, desafios lógicos etc.) apresentam a enfermidade mais tarde do que aquelas com menos reserva cognitiva mesmo quando têm em seu cérebro a mesma quantidade de lesões histopatológicas cerebrais típicas da doença de Alzheimer. Duas pessoas podem ter a mesma quantidade dessas lesões, mas uma delas pode exibir muito mais demência que a outra. A ideia por trás da reserva cognitiva é que o cérebro tenta compensar ativamente a Histopatologia. As pessoas podem, por exemplo, compensarem-se melhor por meio do uso de redes cerebrais alternativas, ou mais eficientes, podendo funcionar com mais normalidade, apesar de sua histopatológica.

 

Texto extraído do livro: Usar o cérebro – editora planeta

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