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Riscos e consequências da exposição dos filhos menores na internet: alerta para todos os pais

O perito Rildo Silveira explica que atitudes positivas, de responsabilidade e cuidados dos pais de crianças e adolescentes são fundamentais nesta luta contra crimes de cyberpedofilia.

Por: Rildo Silveira
24/11/2020

A conscientização é um dos principais meios de prevenção e enfrentamento aos crimes de pedofilia na Internet. Por este motivo atitudes positivas, de responsabilidade e cuidados dos pais de crianças e adolescentes são fundamentais nesta luta contra os crimes de cyberpedofilia.

Saber com quem os próprios filhos interagem na internet, monitorar os acessos em sites, colocar regras e restrições, controlar histórico de navegação e e-mail não deve ser considerado ou interpretado como uma violação da privacidade e da liberdade dos menores, pois estas atitudes na verdade são verdadeiros meios de prevenção contra consequências que poderiam resultar devastadoras.

Em tudo isso existe ao mesmo tempo uma boa parte de adultos negligentes e irresponsáveis que sem pensar nas consequências ficam expondo os próprios filhos em redes sociais de maneira desnecessária, colocando em risco tanto a imagem quanto a incolumidade e segurança das próprias crianças.

Cada foto, cada vídeo, cada momento dos próprios filhos que é postado de forma pública por vocês no Facebook ou Instagram pode cair nas mãos de pedófilos que costumam coletar o material (inclusive para fazer montagens) diretamente das redes sociais. Entre estes criminosos existem muitos pedófilos com um certo conhecimento tecnológico. Inclusive, os pedófilos entre eles continuam mantendo contatos NÃO SOMENTE para venda, troca e compartilhamento de pornografia infantil, mas também para trocar informações e dicas sobre “como evitar a investigação policial” por exemplo.

Então mais uma vez como Perito e como Presidente da Comissão de Defesa da Criança e Adolescente na Internet da APECOF, convido todos os pais a manter o máximo cuidado com a divulgação, exposição e publicação de imagens, vídeos ou qualquer informação sobre os próprios filhos na internet (INCLUÍDO NO WHATSAPP) pois uma vez que este material estiver nas mãos de pedófilos a propagação é imediata e rápida. Como já disse, os pedófilos possuem uma interação entre eles também sobre como se auto proteger, divulgando até “recomendações” para outros pedófilos-criminosos: algumas dessas recomendações variam, por exemplo, do tipo de sistema usado para navegar na internet, quais palavras-chave usar para encontrar o conteúdo pedo-pornográfico e por qual plataforma fazer o download. Outro motivo para tomar cuidado: esse material que os pedófilos baixam e coletam das redes sociais se torna como “original” e ficará armazenado nos computadores também de outros pedófilos e por este motivo o material (fotos, vídeos etc.) estará sempre em circulação constante e é muito difícil eliminar pois não há um servidor para o qual recorrer.

Quando fotos, vídeos e outro material cai nas mãos de um pedófilo, automaticamente ele é destinado para outros, inúmeros pedófilos, vai para as redes “frequentadas” por estes criminosos e será impossível removê-los dessas redes. Por este motivo é importante que todos os pais entendam que a internet não pode e nem deve ser usada como um “álbum de família”, pois o alcance das imagens compartilhadas é ilimitado. Informações sobre o local em que a criança estuda, por exemplo, devem ser evitadas, assim como a divulgação da localização de passeios e qualquer outro tipo de informação que pode levar os criminosos (pedófilos e aliciadores) a saber detalhadamente a rotina da criança.

 

Concluindo, algumas dicas importantes para os pais manter uma certa segurança (própria também!) e preservar a imagens dos próprios filhos na internet:

1 – Não divulgue os hábitos da rotina da criança, como atividades escolares e hobbies e também é importante não divulgar fotos que mostram a uniforme da escola

2 – Não poste fotos que revelam partes íntimas da criança

3 – Não faça publicações ou poste fotos que mostrem: casa e endereço em que moram.

4 – Não divulguem fotos de seus filhos acompanhados de outras crianças, pois a imagem delas é de responsabilidade dos pais

5 – Caso um conteúdo sobre seu filho (foto, vídeo etc) seja usado e divulgado por outras pessoas, mesmo se conhecidas, peça que seja removido

6 – Evite o uso de hashtags, já que usuários desconhecidos podem encontrar suas postagens e ter conhecimento de sua rotina

7 – Adicione apenas familiares e amigos nas redes sociais. A presença de estranhos aumenta o risco de suas publicações caírem em mãos de pessoas mal-intencionadas.

8 – Atente-se, também, para que seu perfil nas redes não esteja no modo “público”

9 – Evite postar fotos em qualidade muito alta. Imagens com boa resolução podem ser manipuladas e editadas por qualquer um e para qualquer fim pois muitos pedófilos costumam fazer montagens (Morphing: trata-se de uma prática, segundo a qual sujeitos copiam fotos tiradas da internet e fazem uma montagem fotográfica com uma foto pornográfica, por exemplo. A maioria dessas fotos tem como proveniência as redes sociais)

10 – Evitem de abrir perfis em redes sociais dos próprios filhos pequenos pois eles não precisam disso (acho desnecessário e absurdo ver crianças de 5-10 anos ter perfil em qualquer rede social). O RISCO É IMENSO.

 

É importante lembrar que o Pedófilo sabe muito bem aquilo que faz, tem plena consciência dos seus atos, e toda a ação, toda dinâmica que leva esse criminoso da escolha da vítima, ao aliciamento até a concretização do próprio objetivo de obter uma foto, vídeo e contato de uma criança, passa por um raciocínio muito bem estudado em cada detalhe. Por este motivo gostaria que fiquem claros 2 detalhes: o primeiro, é que não existe diferença entre o pedófilo que age na internet, e o que age fora dela, e o segundo que não é preciso de contato físico para que se configure o crime de abuso sexual com criança ou adolescente. POR ESTE MOTIVO É FUNDAMENTAL QUE TODOS OS PAIS TOMEM CUIDADO E QUE MONITOREM CONSTANTEMENTE TODAS AS ATIVIDADES DOS PRÓPRIOS FILHOS NA INTERNET, ASSIM COM AS AMIZADES VIRTUAIS (pois ninguém sabe com certeza quem está do outro lado do computador ou celular).

A segurança e proteção dos próprios filhos menores na internet hoje em dia, com os inúmeros perigos e riscos, deve ser considerada uma prioridade, direito, dever, responsabilidade e de consequência como um ato de amor em prol dos próprios filhos.

 

RILDO SILVEIRA – Criminólogo e Perito

Registrado no Cadastro de Peritos do Ministério Público do Estado de Rondônia

Perito em Crimes contra Crianças e Adolescentes e Violência Doméstica do SEJUD-TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro)

Presidente da Comissão de Defesa da Criança e Adolescente na Internet da APECOF (Associação Nacional dos Peritos em Computação Forense)

Criminólogo e Membro do IBERCRIMA – Instituto Iberoamericano de Criminologia Aplicada (Valencia – Espanha)

Perito da OPERB – Ordem dos Peritos do Brasil

Perito Judicial registrado nos Tribunais de Justiça dos Estados de SP-SC-GO-AP-AM-MT-PB

Website: rildosilveiraspsig.wixsite.com/rildosilveiraperito

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