Em pronunciamento durante a última sessão ordinária do mês de fevereiro da Câmara Municipal de Artur Nogueira, o vereador Adalberto Di Lábio (PSD), desaprovou pessoas que usam a internet para criticar o trabalho dele e dos demais vereadores. A recusa dos vereadores em reduzir o salário ainda está repercutindo. Em votação, apenas o decano da Casa Legislativa, Melinho Tagliari, autor da propositura, foi a favor da tramitação do projeto.
O projeto de lei nº 001/2022, de autoria do vereador Melinho Tagliari, que propunha a diminuição salarial dos parlamentares foi rejeitado pelos políticos na segunda (14), em votação na Casa Legislativa. A redução salarial seria de R$ 7.639,89 mil para R$ 6.111,91.
O vereador explica que a redução seria equivalente a 20%, ou seja, no valor de R$ 1.527,98.
De acordo com o projeto, multiplicando o valor economizado mensalmente, no valor de R$ 18.335,74, com a redução dos doze vereadores, e, se somar até o final do mandato, 34 meses, alcançaria o importe total de R$ 623.415,30.
Di Lábio diz que incomodou a palavra “usurpar” usada pelo decano da Câmara Municipal de Artur Nogueira, Melinho Tagliari. “Eu me dou o direito de não citá-lo e eu me deparei com a seguinte palavra, usurpar, eu sou especialista em números, mas para quem não sabe, eu catei papelão, vendi ferro- velho, vendi sorvete, fui engraxate e meu primeiro registro em carteira, foi em 1976 dia 29 de fevereiro”.
O decano Melinho menciona que a Constituição cita a necessidade da fixação dos subsídios dos vereadores, prefeito e vice-prefeito para vigorar no mandato. “Nós temos que parar para analisar o que o Deputado Federal e a Câmara dos deputados no Congresso Nacional quiseram escrever nessa Lei. Nós sabemos que a classe política muitas das vezes (nós não temos visto isso aqui no município), mas muito das vezes em outros locais, de nível até maior, usurpar da teta do poder público municipal, tentando levar vantagem de ordem financeira. Então, foi o que eu entendi naquelas entrelinhas ou naquelas linhas do inciso 10 do artigo 37 da Constituição Federal”.
“Se a gente chega aqui e fala que é ex-bandido, ex-ladrão, o povo bate palma, quando você fala que trabalha a vida inteira, tem gente que fala assim: ‘Você fala que trabalha demais’. Eu faço o quê então?”, exclamou Adalberto.
O edil lê o significado da palavra usurpar e questiona os demais vereadores. “Estamos fazendo isso aqui?”.
Subsídio do vereador é direito, defende o vereador Adalberto Di Lábio. “Se para a próxima legislatura houver lei que diminua, com comum acordo, eu já falei quando outra pessoa trouxe esse projeto aqui, mesmo que for um salário mínimo, mas o vereador eleito tem que entrar sabendo o que vai ganhar”.
Adalberto Di Lábio diz que no curso do trabalho, não se mexe em ganhos, salários. ‘Há mais em Jundiaí aconteceu…’em Jundiaí aconteceu? Aconteceu. Comum acordo de todos os vereadores que assinaram o projeto. Fazer o projeto, colocar na Casa, ser aprovado, ou não ser aprovado, é uma questão de direito, de quem coloca o projeto, e de quem vota o projeto”.
Di Lábio diz que não pode aceitar pessoas irem para a internet e dizer que vereador não trabalha, “que vereador é vagabundo, que vereador não produz, vereador está mamando. Não é o caso desta Câmara e não é o meu caso”.
“Os funcionários desta Casa, sabem, que muitas vezes eu saio do Magdalena, onde ministro aulas e venho para cá. E a população não tem nada ver com isso. Por que eu escolhi isso. E as vezes eu saio daqui para almoçar, às 17h produzindo, embora, alguns falaram que vereador que põe a bunda na cadeira não serve para nada, não é bem assim não”.
O vereador diz que é comprometido com o trabalho que faz. “Gente eu busco produzir o meu melhor e eu sei que tenho muitas falhas, preciso corrigir, preciso me corrigir, eu sei disso”.
Adalberto diz que não aceita ser afrontado, “usurpar é tomar aquilo que não é seu”.
Vereador diz que o subsídio que ele recebe mensalmente da Câmara Municipal de Artur Nogueira é compatível com o seu trabalho produzido. “E quando eu fui leito, eu sabia que o subsídio que eu teria e já disse aqui e não tenho medo de repetir o que eu produzo, o que eu faço, é justo, o que eu ganho”.
Adalberto destaca, “Se algum de nós quiser doar o salário do ano inteiro, recebam e doem. Mas não podemos jogar a população contra esses homens aqui, não podemos. Não podemos permitir que isso aconteça”.
“A partir do ano de 2000 eu trabalhei em dois ou em até três empregos, para depois alguém dizer que eu usurpo, não falou de forma direta, mas indireta eu entendi, desculpe pelo desabafo. Sou homem, corre sangue na minha veia e eu não vou admitir em hipótese alguma ser afrontado, por mais nobre que seja a causa”, ressaltou Di Lábio.
O vereador encerra sua fala dizendo que é digno, “quem trabalha merece a recompensa”.
Votaram contra a redução salarial:
Adalberto Di Labio
Anderson Henrique Teles dos Reis
Cícero Francisco de Oliveira
Dailton Silva Barbosa
Irineide Barbosa Aragão
José Sebastião Barbosa
Luiz Fernando Dias
Marcelo de Oliveira Ribeiro
Maria José Pereira do Amaral Hunglaub
Milton Barbosa Santos