O mês de março não é considerado somente voltado para o mês da mulher, mas também um mês de luta pelos direitos e igualdade social. No início, esse processo de luta histórica das mulheres estava muito ligado a questão de desigualdade salarial. Mas como o passar do tempo, foi observado que era necessário lutar por outros direitos para as mulheres na sociedade. Por isso, atualmente essa luta envolve a desigualdade salarial, mas também a luta contra a violência e o machismo.
Conheça a história de Michelly, uma mulher que faz a diferença na vida de muitas mulheres nogueirenses!
Michelly Adriane S. Coutinho, 32 anos, casada, Bacharel em Psicologia pela Unifaj – Faculdade de Jaguariúna desde dezembro de 2017. Já atuou nas áreas da Psicologia Clínica e Psicologia da Saúde “processos de adoecimento e finitude humana” quando era estagiária, após formada atua como psicóloga clínica particular e no Projeto ISCEC. Michelly conta que estagiou no “Projeto Melhor em Casa” trabalhando com finitude humana, morte digna e humanizada e Grupo de apoio ao Enlutado. Em paralelo estagiou na Interclínicas da Unifaj com Psicoterapia Breve e Psicodiagnóstico.
Em 2017, estagiou no CAPS de Artur Nogueira-SP, foi quanto atendeu o “Grupo de Autoestima” trabalhando com processo de fortalecimento de funções Egóicas de percepção, memória, consciência e emoção.
Neste mesmo campo de estágio, trabalhou com “Grupo de Apoio” a enlutados com Oficinas terapêuticas e arteterapia.
Em março de 2018, entrou para “Projeto Florescer” no Centro Pastoral João Paulo II, onde atuou como Psicóloga Clínica, outubro do mesmo ano se tornou Coordenadora do Projeto.
O “Projeto Florescer” fez parcerias com o “Projeto Liga Solidária” e através desta parceria nasceu o “Grupo de Apoio à Mulheres em Situação de Vulnerabilidade”, o grupo atuou até o início da Pandemia do Covid-19.
Em outubro de 2020, iniciou os atendimentos como Psicóloga Clínica particular mantendo durante a Pandemia atendimento Online.
Em fevereiro de 2021, iniciou atendimentos Clínicos no Projeto ISCEC. Hoje cursando Pós-Graduação em Teoria Junguiana e Processos Clínicos.
Michelly conta sua trajetória de vida e experiência com relacionamento amoroso abusivo. Sem pretensão de se vitimizar e já afirmando que se sente vencedora, vem contar sua própria história de vida e como se tornou protagonista dela inspirando outras mulheres.
“Aos 19 anos estava no terceiro semestre da Graduação em Psicologia, nesta idade a gente não tem tanta experiência de vida e as histórias de princesas, novelas e filmes para crianças e adolescentes contribuem para que você compreenda o amor como uma experiência mágica em que um dia vai aparecer um homem que vai ser o grande amor da sua vida e irá resolver todos seus problemas. Tudo ilusão, só acho! Ninguém lhe conta que o amor é uma construção e que é necessária maturidade para transformar a paixão inicial em algo duradouro. Ninguém te alerta sobre os perigos de se relacionar com alguém violento ou como perceber que se trata de alguém assim. Neste período conheci um rapaz, 10 anos mais velho, tinha uma posição de liderança na empresa que trabalhava, inicialmente não gostei dele, mas as insistentes tentativas de me chamar para sair funcionaram. Pouco tempo depois, estávamos saindo juntos com bastante frequência, mas ele não me pedia em namoro, sempre dizia que não estava preparado para assumir algo sério. As atitudes dele me angustiavam, apesar disso continuava iludida e apaixonada. No final daquele ano, ele foi demitido e me contou que não podia assumir namoro comigo porque estava prestes a ter uma filha com uma mulher na cidade de São Paulo, me jurou que não estavam se relacionando e que só precisava de tempo para registrar a filha e resolver trâmites legais quanto a visitação da criança e pensão alimentícia. Disse-me também que após isso nós ficaríamos juntos. Um amigo dele, me contou que o mesmo mantinha os dois relacionamentos ao mesmo tempo, comigo na cidade de Mogi Mirim e com a outra mulher em São Paulo”.
Ela relata que se sentiu horrível, chorou por dias seguidos e parecia que a dor não iria passar. “O rapaz voltou a morar em São Paulo e tentei seguir em frente, meus familiares percebiam algo diferente em mim, contei a eles o que havia acontecido, meus pais me apoiaram muito na época do ocorrido. Três meses após isso, voltei a viver socialmente, conheci outras pessoas, e estava seguindo em frente… No mês de julho, nas férias da graduação, ele retornou à cidade de Mogi-Mirim/SP, na época em que nos conhecemos como ele não assumia um relacionamento sério não sabia exatamente meu endereço, então quando voltara a cidade não sabia onde me encontrar, ele começou a pedir para amigos em comum, me enviar recados, uma vez que eu tinha trocado o número de telefone. Eu me recusei a encontrá-lo, minha vida estava ótima, porém uma colega de trabalho deu meu endereço para ele. Certa noite estava me arrumando para sair com amigos, ele apareceu na frente da minha casa com um buquê de flores enorme e um urso de pelúcia, levei um grande susto confesso! As palavras que saíram foram que não tinha nada para conversar com ele e que havia descoberto todas as mentiras e que era para ir embora, por tanta insistência minha avó saiu no portão e jogou um balde cheio de água nele. Confesso que achei engraçado… Então ele foi embora, mas no fundo sentia algo por ele ainda, fiquei triste novamente e acabei nem saindo naquele dia”.
Após muitas investidas e insistência do rapaz, ela resolveu escutá-lo. “Este foi meu pior erro, ele me pediu em casamento naquela noite, tinha comprado um anel de noivado, era irresistível, então aceitei. Minha família detestou a minha decisão, meu pai me pediu para não desistir da faculdade, ele tinha esperança que o relacionamento acabasse logo. Ficamos namorando até o final daquele ano. Em dezembro, ele foi admitido, e a empresa ficava em Cuiabá no município de Mato- Grosso, combinamos que iríamos continuar o noivado a distância, até que terminasse minha graduação da faculdade. Passaram-se seis meses, ele começou a me pressionar para casar, pois estava sozinho e sentia que não ia conseguir ser fiel, alimentando meu medo de perdê-lo e sofrer tudo novamente. Acabei por ceder suas chantagens emocionais, falei com meus pais, contei que havia decidido trancar a faculdade e morar em Cuiabá com meu noivo, meu pai acredito que tenha se decepcionado muito comigo com aquela decisão, mesmo assim me mantive firme na minha pior decisão. Fui morar em Cuiabá, nossa casa era pequena e na periferia, não conhecia ninguém, só ele parecia bastar. Não demorou muito para começar a perceber como ele era realmente. Fomos em uma festa junina, estávamos vestidos a carácter, meus longos cabelos estavam trançados. Passei ao lado de um homem quando fui comprar pipoca, ele pegou em meu cabelo e meu noivo viu toda a cena, e eu fingi estar tudo bem a festa toda, me senti angustiada. Em casa me perguntou o que o homem havia falado, respondi exatamente o que ele havia dito. Então, meu noivo pegou uma tesoura e cortou meu cabelo todo…. As lágrimas caíam, e ele gritava comigo. Esta foi a primeira de muitas agressões, começou sutilmente e a cada dia aumentavam com intensidade e frequência. Em 2010, fiquei grávida, achei que as coisas iriam melhorar, ele até ficou feliz. Quis esperar para contar a minha família, quando fosse visitá-los. Quanto estava com 20 semanas de gestação, em uma sexta-feira ele saiu com os amigos, já estava farta dele indo para bares e voltando bêbado de madrugada. Então tranquei o portão e a porta, ele dormiu na rua. No sábado às 5 da manhã começou a gritar no nosso portão, para evitar escândalos, abri o portão. Subimos a escada que dava acesso a nossa casa, discutindo muito, quando estávamos no último degrau da escada em uma altura considerável, ele me empurrou, cai dois lances de escada e desmaiei. Acordei por volta de 10 da manhã, em minha cama, quando olhei o lençol estava todo cheio de sangue, pedi ajuda a minha vizinha, que me levou ao hospital, o bebê nasceu prematuramente necessitando da UTI Neonatal, após três dias veio a óbito”.
Michelly, conta uma das maiores tristezas que teve em sua vida. “Quando seu bebê nasce com menos de dois quilos e vai a óbito, é considerado lixo hospitalar, pelo menos foi isso que me disseram, sem registro de óbito, só uma breve despedida. Voltei para casa desolada…. Alguns meses após o aborto, pedi ao meu noivo que queria visitar meus pais e pedi uma passagem aérea para ir visita-los, era Páscoa queria muito ver meus pais…. Chegando na casa deles, contei parcialmente o que estava acontecendo comigo, minha família foi essencial naquele momento, meu pai me deu dinheiro para ir buscar minhas coisas e voltar para perto da família. Eu não pensei duas vezes, retornei a Cuiabá peguei minhas coisas sem me despedir, sem avisos e voltei embora. Ele só notou minha ausência quando retornou do trabalho, tentou contato telefônico, eu vi a ligação dele quando estava chegando em Campinas/SP, naquele momento retirei o chip do meu aparelho celular e o joguei fora, exclui minhas redes sociais, E alguns anos depois amigos me contaram que ele foi até a cidade de Mogi-Mirim/SP me procurar, meus amigos estavam orientados a não revelar meu paradeiro. E eu nunca mais o vi, me perguntam se eu prestei queixa ou se cheguei a realizar B.O (Boletim de ocorrência) e a resposta é não. Acredito ser muito importante notificar as autoridades e poderia ter conseguido uma Medida Protetiva, mas naquele momento precisava somente de paz e que tudo voltasse a normal novamente, naquele exato momento eu necessitava apenas de afeto e amor da minha família. Eu sentia muito medo, eram muitas dores e muita destruição, após esse termino sofrido de um relacionamento abusivo eu precisei de 5 (cinco) e longos anos de Psicoterapia e apoio familiar para me recuperar. Passei 4 (quatro) anos lutando contra uma terrível depressão e duas tentativas de suicídio, tive estresse Pós-Traumático e ataques de Pânico. Naquele momento ter a ajuda de familiares, amigos e de uma profissional da saúde mental foi muito importante para minha recuperação. As reflexões realizadas por mim neste período e toda a aprendizagem foram cruciais para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje”.
Em 2017, retornou a Universidade e se formou e menciona que está empenhada em ser a sua melhor versão. “Retornei à Universidade como bolsista prouni e finalmente em 2017 me formei, hoje estou muito empenhada em ser a melhor versão de mim e ajudar outras mulheres a vencer suas dores. Enquanto Psicóloga, aplico o conhecimento teórico-prático que a Graduação me ofereceu, porém, ter passado por tudo isso na própria pele, me torna mais sensível ao sofrimento de outras mulheres. Deixo uma mensagem de Calligaris (2019), que diz em seu livro: Cartas a um jovem Terapeuta, “todo terapeuta necessita de uma dose de sofrimento, e isso o torna apto a ser empático”, finaliza.
A história que existe pela escolha do dia 8 de março, marca uma série de acontecimentos de mobilização política ao longo do século XX. Na realidade existem duas versões sobre os fatos.
PRIMEIRA VERSÃO
Essa é a versão mais conhecida. A história conta que no dia 8 de março de 1857, mais de 100 operárias morreram carbonizadas em um incêndio que ocorreu nas instalações de uma fábrica têxtil em Nova York. O incêndio teria sido intencional, causado pelo proprietário da fábrica, descontente com as greves e manifestações das operárias.
Porém, essa história é FALSA!
DETALHE
No ano de 1910 na cidade de Copenhague (Dinamarca), ocorreu o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas. Nesse evento uma integrante do Partido Comunista Alemão, a Clara Zetkin sugeriu a criação de um Dia Internacional da Mulher. A data, no entanto, ficou em aberto.
SEGUNDA VERSÃO
Já a segunda versão, afirma que o incêndio de fato ocorreu no dia 25 de março de 1911, em Nova York. A fábrica era a Triangle Shirtwaist Company, foram mais de 140 vítimas, sendo a maioria delas mulheres. Esse acontecimento é um importante marco para a escolha do Dia das Mulheres.
Os motivos do incêndio foram as inadequadas instalações elétricas que em conjunto à presença de tecido espalhado pelo local e o solo da fábrica encontrou condições perfeitas para o fogo.
Era comum nesse período os proprietários de fábricas trancarem as portas como forma de conter greves e manifestações. Segundo a história, as portas da fábrica Triangle estavam trancadas quando ocorreu o incêndio, por isso o alto número de vítimas.
Apesar da tragédia, foi observado que as condições de trabalho eram péssimas e foi reconhecida a luta e engajamento político das mulheres na busca de melhores condições de trabalho e salários. Dessa luta que surge a necessidade de reconhecer o Dia Internacional da Mulher, pela força que elas representam. Lembram da Clara Zetkin? De fato, o incêndio de 1911, foi sugerido como dia das mulheres. Vários movimentos em busca de concessão de direitos trabalhistas e eleitorais para as mulheres ocorreram nos EUA e Europa, no século XIX.
NA RÚSSIA
O ano de 1917 ficou marcado na Rússia, por um ciclo revolucionário, que inclusive acabou com a monarquia czarista. Nesse cenário no dia 08 de março de 1917, mulheres que trabalhavam no setor de tecelagem entraram em greve. Elas buscaram apoio no setor de metalúrgica da fábrica.
A data ficou marcada como um grande feito por mulheres operárias, mais uma vez na história.
FINALMENTE A ESCOLHA DA DATA
Logo após a Segunda Guerra Mundial, o dia 08 de março tornou-se principal data em homenagem as mulheres, sendo consequência da revolução que aconteceu na Rússia. O mês de março também estava associado ao incêndio em Nova York.
O Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas como uma data comemorativa somente em 1975. Inclusive, 1975 foi declarado o Ano Internacional das Mulheres, contra as desigualdades e discriminação de gênero em todo o mundo.
A IMPORTÂNCIA DE AÇÕES A FAVOR DAS MULHERES
Sabemos que ainda hoje são inúmeros os casos de violência contra as mulheres. São episódios de violência doméstica, abuso, assédio, desigualdade no mercado de trabalho e preconceito de gênero, no Brasil e no mundo!
A luta das mulheres também busca ter a voz ativa e poder decidir o que fazer com o próprio corpo, o direito de ir e vir. Por isso, o dia 08 de março é um dia de reflexão. Já os outros dias do ano, são dias de luta a favor do direito delas.
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