Pesquisar
Close this search box.

Valentina e o Mundo Azul

Moradora de Artur Nogueira conta como é a experiência de cuidar de filha com autismo.

Por: Correio Nogueirense
02/04/2018

O dia 2 de abril foi instituído pela ONU em 2008, como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O autismo é uma síndrome que afeta vários aspectos da comunicação, além de influenciar também no comportamento do indivíduo. Segundo estudos feitos recentemente, a cada 60 crianças uma nasce com TEA – Transtorno do Espectro Autista.

Ariany Leal é mãe de duas meninas, Lavínia de 6 anos e Valentina de 4. Ela conta como foram as primeiras suspeitas de que sua filha era portadora de autismo, “a Valentina nasceu saudável, mas com 9 meses nós percebemos que ela era muito “molinha”, tem criança que com essa idade já está até andando e ela mal sentava”, relembra a mãe.

Foi quando Valentina começou a frequentar a escola, para que os pais pudessem trabalhar, que as suspeitas foram aumentando, “lá a professora também percebeu isso. Ela aconselhou que levássemos ao pediatra para ver se havia algum problema nos ossos”, foram feitos vários exames e nada de um diagnóstico certo. Em umas das consultas, o pediatra pediu que a mãe a levasse em um neurologista quando completasse 1 ano de vida. E assim foi feito.

Quando Valentina completou um ano e meio de vida, o diagnóstico veio, Valetina era portadora do Transtorno do Espectro Autista. “Foi quando abriu um buraco no chão, me perguntei por que a minha filha?” recorda Ariany. E foi então que começou a luta pelo desenvolvimento de Valentina. “Ele recomendou que procurássemos uma clínica especializada para começar o tratamento, pois quanto mais rápido, melhor o desenvolvimento”, conta.

Valentina começou a andar com 2 anos e 4 meses. E hoje ela tem uma semana muito corrida, “ela faz equoterapia, terapia ocupacional, hidroterapia, fonoaudiologia, uma psicopedagoga vai na escola, tem uma auxiliar na escola que acompanha a Valentina”, ela conta ainda que foi difícil conseguir tudo isso para a melhoria de Valentina, “foi difícil conseguir tudo isso. Hoje não temos custo, mas porque entramos com uma ação judicial para conseguir tudo isso junto ao convênio médico”, e ela afirma que tudo isso só foi possível pela perseverança e determinação que ela teve ao não desistir de dar uma qualidade de vida melhor para sua filha.

Hoje Valentina ainda não consegue falar, pois o grau de autismo que ela possui é os que não são verbais, mas entende tudo o que se passa ao seu redor. “quando ela quer biscoito, ela pega minha mão e me leva até o pote de biscoito”, revela Ariany.

“Até você entender o autismo você vive um momento de luto, luto pelo filho vivo, porque morre aquele sonho do seu filho ser 100% saudável, seus planos com aquele filho mudam, mas aquele momento passa”, Ariany recorda momentos que teve que enfrentar até aceitar e ter a aceitação de pessoas próximas. “Não vai ser fácil, mas o que na vida e fácil?”, indaga.

Ariany conta ainda, que apesar da atenção especial que proporciona para a filha mais nova, Lavínia, a filha mais velha, jamais sentiu ciúmes, “sempre soubemos moderar a atenção entre as duas irmãs e sempre mostramos para a Lavínia como a Valentina precisa de uma atenção especial”. O preconceito ainda é forte no caminho de Ariany com a filha Valentina, “mas eu não me deixo abater, porque a deficiência está em que vê a Valentina de uma maneira diferente”, declara.

“Deixo registrado o meu desejo de que o diagnóstico de Autismo seja cada vez mais precoce e que nosso país acorde para oferecer as intervenções e aumentar as chances de que as pessoas com autismo sejam ainda mais independentes e felizes. Que cada vez mais a gente aceite as pessoas com autismo do jeito que elas são”, finaliza Ariany.

 

O Autismo

São mais de 300 mil ocorrências só no Estado de São Paulo. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem para encontrar tratamento adequado. O assunto tem sido tratado com maior frequência pela mídia.

O Transtorno do Espectro Autista – TEA – é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes.

Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento.

O TEA pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção e, às vezes, as pessoas com autismo têm problemas de saúde física, tais como sono e distúrbios gastrointestinais e podem apresentar outras condições como síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência podem desenvolver ansiedade e depressão.

Comentários

Veja também

Nenhum artigo foi encontrado
Nenhum artigo foi encontrado