Vulcão deixa Ilha de La Palma, na Espanha, irreconhecível

Erupção começou há cerca de um mês.

Por: Agência Brasil
19/10/2021

Um mês depois da erupção do vulcão Cumbre Vieja, a ilha de La Palma, na Espanha, está irreconhecível em algumas áreas, como a Ilha das Canárias. O vulcão continua a expelir lava e cinza. 

Com a atividade vulcânica, a visibilidade no território torna-se difícil e a quantidade de matéria que continua a sair do vulcão impressiona.

É nessa região que o madeirense Luís Ramos trabalhava numa plantação de bananas, uma das principais fontes de riqueza da ilha.

O português perdeu o emprego e a casa e agora vive na casa do patrão da mulher, com o sogro, a mulher e os filhos.

Luís Ramos já nem sabe identificar bem o local onde morava.

Trinta dias depois do início da erupção, continua sem nada, recorreu às seguradoras e ainda não obteve resposta. Agora, só pede um sítio para ficar nem que seja provisório.

Vulcão

O Cumbre Vieja continua com atividade intensa, apesar de, nas últimas horas, ter entrado numa fase de “estabilidade e lentidão”.

O dia de hoje transcorre sem incidentes. As autoridades alertaram, em comunicado, que dada a previsão da chegada ao mar de uma frente ativa de lava, e da provável emissão de mais gases nocivos para a saúde, poderá ser determinado um confinamento da população em áreas próximas.

Esse rio de lava acabou por, nas últimas horas, desacelerar a velocidade para apenas dois metros por hora, adiando por mais alguns dias o contato com as águas do Oceano Atlântico.

Há sinais de alguma normalização no dia a dia dos moradores. As autoridades responsáveis pela educação nas Ilhas Canárias permitiram que as aulas nas escolas fossem retomadas nos municípios mais afetados pelo vulcão (Tazacorte, Los Llanos de Aridane e El Paso), com um número de alunos superior a 90%.

A Ilha de La Palma trnasformou-se, neste mês, em um dos locais mais observados do mundo, com os cientistas aprofundando os conhecimentos sobre a evolução do planeta.

Foi um mês sem descanso para a população da ilha, confrontada com uma catástrofe social e econômica, sendo no entanto um alívio o fato de não ter havido até agora qualquer morte em consequência da atividade do vulcão. A solidariedade, assim como a erupção, tem sido constante.

Um mês após o início da erupção, ocorreu neste fim de semana o terremoto de maior magnitude (4,6), a 37 quilômetros de profundidade. Segundo o Plano de Emergência Vulcânica da Ilhas Canárias (Pevolca), é possível que se repita.

A área de terrenos destruída pelo vulcão de La Palma é de 811,8 hectares, segundo os últimos números divulgados pelo sistema de satélites Copernicus da União Europeia.

Por outro lado, estima-se em 1.956 o números de edifícios destruídos. O número de quilômetros de estradas afetadas é de 64,3, dos quais 60,5 estão totalmente destruídas.

O presidente da comunidade autônoma espanhola das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, disse que não acredita que o fim da erupção em La Palma está iminente.

Segundo os cientistas, a possibilidade de a erupção enfraquecer “não está perto”, uma vez que ainda existem deformações na área do cone do vulcão. A possibilidade de haver novas saídas de lava não está totalmente excluída.

“Estamos à mercê do vulcão, é o único que pode decidir quando ele termina”, disse o presidente das Canárias, assegurando que “o maior desejo” do arquipélago, neste momento, é que a força do vulcão comece a enfraquecer.

A atividade sísmica associada à erupção vulcânica em La Palma continua ativa, com dezenas de tremores de terra sendo registrados diariamente, alguns deles sentido pela população da ilha.

Mesmo assim, o comitê científico, que aconselha as autoridades, atribui a atividade sísmica à realimentação do vulcão em camadas profundas de terra e exclui, de momento, a possibilidade do aparecimento de novas bocas eruptivas nas áreas onde os tremores ocorrem em grandes profundidades.

Histórico

Uma semana antes da primeira erupção, uma atividade sísmica intensa começou a ser registrada na ilha, o que já tinha acontecido nove vezes desde 2017.

Em 14 de setembro, o Instituto Nacional Geográfico espanhol (IGN) registrou 3 mil eventos sísmicos, 700 dos quais em profundidades entre 9 e 12 quilômetros.

Em 19 de setembro, começou a ficar claro para as autoridades que a atividade sísmica correspondia a uma fase pré-eruptiva e foi iniciada a retirada preventiva de moradores com mobilidade reduzida nos núcleos em risco. Nesse mesmo dia, começou a erupção vulcânica em Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, na área despovoada de Cabeza de Vaca, município de El Paso.

Esta é a oitava erupção em La Palma desde que foram mantidos registros históricos e a décima sétima nas Ilhas Canárias.

Durante o mês em que está ativo, o vulcão tem-se reativado várias vezes com diferentes graus de atividades explosiva e emissão de gases tóxicos e cinzas, com mais retiradas de moradores.

As companhias de transportes aéreos suspendem por vezes suas operações em La Palma por causa das cinzas.

Segundo cálculos feitos pelo Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan), a erupção vulcânica de Cumbre Vieja pode durar entre 24 e 84 dias, com média geométrica de cerca de 55 dias.

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