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A pedofilia e as redes ligadas às organizações criminosas

Rildo Silveira fala do desafio de achar um equilíbrio entre proteger e moderar tanta conectividade e interatividade.

Por: Correio Nogueirense
28/05/2019
Rildo Silveira com Doutor Daniel Gomes, Comissário de Policia Civil do Departamento Geral de Homicídios e Proteção á Pessoa (DGHPP) e Escritor.

Cada vez mais crianças são abordadas e induzidas a produzir material pornográfico na internet, e na maioria das vezes são vítimas de ameaças e chantagens. No Brasil uma a cada 5 crianças e adolescentes que utilizam a internet no Brasil diz ter visto imagens ou vídeos com conteúdo sexual, e uma boa parte já receberam esse material por meio de mensagens e nas redes sociais.

A situação é preocupante. Rildo Silveira fala que o desafio é achar um equilíbrio entre proteger e moderar tanta conectividade e interatividade, “O pedófilo age na total covardia, pois sabe muito bem que aquilo que faz, e como já disse inúmeras vezes é frio e calculista, e todo o raciocínio que leva ele até a abordar e aliciar a criança passa por uma dinâmica muito bem pensada e estudada. Continuo forte e firme na minha ideia que o pedófilo não passa por nenhum tipo de alienação mental e por este motivo ele é juridicamente imputável pois é consciente daquilo que está fazendo”, explica.

O Perito explica que a inocência da criança infelizmente permite que o sujeito vá se aproximando até um momento que ela percebe que não vai conseguir mais sair desse laço que ele a prendeu, “Através de ameaças o pedófilo consegue manipular a criança e induzir a vítima a ter medo do fato de os pais terem ciência de que ela foi tocada, falou com o marginal. É preciso entender que mesmo que o pedófilo não tenha contato físico direto com a vítima, ele acaba obrigando a criança a praticar atos sexuais”.

Rildo deixa claro que o pedófilo não é um doente mental, “O pedófilo não é um doente mental. Quero que isso fique bem claro, pois ele possui a “consciência” de que aquilo que faz é errado, tanto é que se aproveitam também de redes internacionais para o cometimento de seus crimes, também através do uso intensivo da internet, até mesmo por meio da deep web, e também do apoio de organizações criminosas transnacionais (porque o tradicional combate à criminalidade fica contido ao território de cada país) ”, explica.

O Perito fala sobre o marketing das redes de pedófilos junto com o trabalho da polícia Federal e Civil no combate a exploração sexual infantil, “As redes de pedofilia nem sempre são feitas somente por pedófilos e abusadores de crianças. São exatamente chamadas de “redes” pelo fato que englobam mais atividades ilícitas distribuídas de várias maneiras, mas todos com os mesmos objetivos. Durante a palestra da Doutora Paula Mary (Delegada Chefe de Polícia Federal da DELINST), que considero a principal referência no combate à pedofilia e exploração sexual infantil, no evento “O BRASIL SEM IMPUNIDADE” nos dias 12 e 13 de abril deste ano, todos nós profissionais da área da Perícia assistimos a detalhes impressionantes de como os pedófilos comunicam-se entre eles e como que chegam a práticas criminosas”.

“São detalhes importantes de um grande trabalho feito pela PF que conseguiu prender todos estes pedófilos através do monitoramento também dos e-mails, adotando determinados sistemas e metodologias investigativas”, explica.

Rildo mostra como através destes resultados de perícias e investigações da PF conseguimos ver como que estes criminosos até de redes mundiais extensas agem.

Os objetivos primários deste criminoso:

– Conseguir crianças e adolescentes para ser abusadas

– Eles se juntam para estudar planos, técnicas e estratégias de aliciamento de crianças e adolescentes

– Negociam entre eles valores de material de pornografia infantil tanto para venda distribuição e até troca

– Existem pessoas que não são pedófilos, mas que são procuradas pelos componentes das redes de abusadores para sugestões e dicas sobre por exemplo as tipologias de lubrificantes e de anestésicos que poderiam utilizar durantes os atos sexuais com as vítimas.

“Como podem ver, além do objetivo da prática do crime sexual, existe um claro exemplo do que estas redes representam, um verdadeiro marketing”.

Rildo fala sobre a operação contra a pedofilia. “Em três anos, operação contra pedofilia no Brasil prende mais de 500 pessoas. Após quatro fases, ‘Luz na Infância’ prendeu 546 pessoas e realizou mais de 1000 buscas. Lembrando que a Operação investiga armazenamento, compartilhamento e produção de pornografia infantil”.

Entenda como funciona as fases:

– Luz na Infância 1 – Realizada em 20 de outubro de 2017, cumpriu 157 mandados de busca e apreensão. Foram presas 108 pessoas.

– Luz na Infância 2 – Realizada em 17 de maio de 2018, cumpriu 579 mandados de busca e apreensão. Foram presas 251 pessoas.

– Luz na Infância 3 – Realizada em 22 de novembro de 2018, cumpriu 110 mandados de busca e apreensão no Brasil e na Argentina. Foram presas 46 pessoas pela Polícia Civil.

– Luz na Infância 4 – Realizada em 28 de março de 2019, cumpriu 266 mandados de busca e apreensão. Foram presas 141 pessoas.

As investigações passam pela apuração pelo Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça, que identifica informações e possíveis suspeitos na internet. Logo em seguida, após os a coleta de indícios suficientes, os dados são repassados para a polícia civil, para outra apuração das delegacias de proteção à criança e ao adolescente e de repressão a crimes cibernéticos.

As Policias de cada estado instauram inquéritos e pedem ao Judiciário autorização para poder cumprir os mandados de busca e apreensão, e durante as operações, as prisões em flagrante são feitas, quando policiais encontram os materiais ilícitos. Os crimes investigados neste tipo de operação são: armazenamento de fotos ou qualquer material de pornografia infantil ou que revele clara violência sexual de crianças e adolescentes (pena de 1 a 4 anos de prisão). Compartilhamento de pornografia infantil: pena de 3 a 6 anos de prisão. Produção de pornografia infantil: pena de 4 a 8 anos de prisão.

Rildo fala da importância de os pais monitorarem seus filhos, “ Peço aos pais monitorem sempre as atividades dos filhos nas redes sociais, é preciso parar de expor os próprios filhos nas redes sociais, pois isso pode resultar em um convite para pessoas mal intencionadas (pedófobos, sequestradores, etc.), disse.

O Perito termina com um agradecimento especial, “Vou concluir agradecendo de coração a Corregedoria da Policia Federal do Rio de Janeiro e especialmente sou grato a Doutora Paula Mary Delegada Chefe da DELINST setor especializado no combate aos crimes de pedofilia e exploração sexual infantil, por tudo e pelo apoio no meu trabalho. Um outro agradecimento especial ao Doutor Daniel Gomes, Comissário de Polícia Civil do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP) e Escritor, que se tornou uma grande referência em minha vida e que considero um verdadeiro mestre. Os 2 profissionais aqui citados são a mais clara e evidente demonstração do fato que além de grandes profissionais são antes de tudo, pessoas de grandes valores, empatia e coração, um verdadeiro exemplo para toda sociedade”, finaliza.

Neste último mês o perito Rildo entregou à corregedoria da PF e ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, 1 caso envolvendo crimes de pedofilia e estupro de vulnerável contra uma criança de 5 anos abusada pelo próprio pai biológico. Rildo diz que nunca viu esta quantidade de crimes cometidos contra uma única criança.Foi entregue um dossiê (resultado de 9 meses de análise do caso) e feita uma denúncia na PF e no MPF.

Registro de Perito do Poder Judiciário do Rio de Janeiro com especialidades e qualificação profissional

RILDO SILVEIRA é Perito Judicial e Analista Criminal registrado no quadro de Peritos Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado do RJ, Cadastrado na AJG (Unidade Responsável 32a Vara Federal do RJ – Justiça Federal – Seção Judiciária do Rio de Janeiro), Perito em Computação Forense e Perícia Digital da APECOF (Associação dos Peritos em Computação Forense) https://www.apecof.org.br/index.php/associados.

ÁREAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL COMO PERITO E AUXILIAR DE JUSTIÇA: Perícia e Análise de Crimes de Pedofilia e Abuso Sexual Infantil – Violência Doméstica – Crimes de Denunciação Caluniosa. Pós-Graduação em Análise Criminal e Pós-Graduando em Inteligência Policial.

 

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