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Além do Alzheimer, há outras demências?

No artigo, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica que a doença de Alzheimer é a mais comum das demências neurodegenerativas, mas há vários tipos de demência. Confira.

Por: Dra. Celina Vallim
18/11/2021

A doença de Alzheimer é a mais comum das demências neurodegenerativas, mas há vários tipos de demência. Incluem-se entre os mais comuns as seguintes:

  • demência vascular;
  • demência por corpos de Lewy;
  • demência fronto-temporal.

É possível que em algum momento se confunda Alzheimer com o envelhecimento normal do cérebro?

Envelhecimento não é sinônimo de Alzheimer. Muita gente pensa que com a idade a pessoa inevitavelmente passa a sofrer de desgaste de suas faculdades intelectuais. Se assim fosse, todas as pessoas que atingissem os cem anos de idade teriam Alzheimer. No entanto, diversos estudos com pessoas nessa faixa etária demonstram que muitas não apresentam doença degenerativa. Por outro lado, há evidência em estudos post mortem de cérebros nos quais foram encontrados placas e emaranhados neurofibrilares (ovillos), que são marcadores biológicos do Alzheimer, que não haviam desenvolvido as manifestações clínicas da doença. Esses são casos de uma mente intacta dentro de um cérebro com Alzheimer. Existem dados que afirmam que entre indivíduos com nível mais elevado de educação, mental e socialmente mais ativos, é menor o risco de sofrer de Alzheimer. Dados dessa natureza levaram ao conceito “reserva cognitiva”, a que já nos referimos, que é a capacidade que tem o cérebro de tolerar melhor os efeitos da patologia associada à demência. Há um grande interesse científico e também uma quantidade cada vez maior de literatura especializada a respeito de como fatores associados ao estilo de vida, por exemplo, a atividade física, os estudos e as relações sociais podem ajudar a construir uma reserva cognitiva que será útil nos últimos anos de vida.

Quais sintomas poderiam servir de alerta para uma consulta a um especialista?

Toda mudança que indique um desgaste de memória, intelectual ou comportamental, que afete o desempenho habitual da pessoa. Se houve manifestação de uma série de sinais que incluem sintomas mais comuns da doença de Alzheimer (alguns se aplicam também a outras demências). Se uma pessoa tem alguns desses sintomas, seria aconselhável que ela consultasse um médico para fazer uma avaliação mais precisa:

  • Perda de memória que afete a capacidade de trabalhar. É normal esquecer ocasionalmente um encontro, uma data de alguma entrega, o nome de um colega, mas esquecimentos frequentes ou confusões inexplicáveis em casa ou no trabalho podem indicar que alguma coisa está funcionando mal.
  • Dificuldade para realizar tarefas domésticas. Pessoas ocupadas podem se distrair de vez em quando. Por exemplo, pode-se deixar algo no forno por tempo demais ou se esquecer de servir algo que foi preparado. Por outro lado, a pessoa com doença de Alzheimer pode preparar uma comida e não só se esquecer de servi-la como também de tê-la feito.
  • Problemas com a linguagem. Todos nós temos, às vezes, problema para encontrar a palavra correta, mas a pessoa com Alzheimer se esquece de palavras simples ou substitui palavras de modo impróprio, fazendo que suas orações sejam difíceis de entender.
  • Desorientação de tempo e espaço. É normal que nos esqueçamos momentaneamente do dia da semana ou daquilo que precisamos comprar no supermercado. Mas a pessoa com doença de Alzheimer pode se perder em seu próprio quarteirão, sem saber onde está, como chegou ali ou como voltar para casa.
  • Julgamento pobre ou diminuído. Escolher não levar um suéter ou jaqueta num dia frio é coisa frequente. Uma pessoa com Alzheimer, no entanto, pode se vestir inapropriadamente de modo mais perceptível, indo fazer compras de robe ou vestindo várias blusas ou um pulôver num dia de muito calor.
  • Problemas com o pensamento abstrato. Fazer um balanço financeiro pode ser um grande desafio para muitas pessoas, mas para alguém com Alzheimer reconhecer os números ou fazer um simples cálculo pode ser impossível.
  • Guardar coisas fora do lugar. Todos nós, de vez em quando, deixamos as chaves ou a carteira fora do lugar de costume. No entanto, uma pessoa com Alzheimer pode pôr as coisas em lugares inadequados, como o ferro de passar no freezer ou um relógio no açucareiro, sem conseguir se lembrar de como as coisas foram parar naquele lugar.
  • Mudanças de humor e de comportamento. Todo mundo experimenta uma ampla gama de emoções, isso é próprio do ser humano, e no próximo artigo falaremos disso. A pessoa com Alzheimer tende a apresentar, sem razão aparente, mudanças muito rápidas de humor.
  • Mudanças na personalidade. O ser humano, quando adulto, pode apresentar mudanças em alguns aspectos de sua personalidade. Mas em uma pessoa com Alzheimer isso ocorre dramaticamente, de repente ou durante algum tempo. Alguém que habitualmente é afável ou amistoso se transforma numa pessoa raivosa, desconfiada ou medrosa.
  • Perda de iniciativa. O cansaço das tarefas domésticas, do trabalho ou das obrigações sociais é normal, e as pessoas o suportam e às vezes acabam recuperando o interesse. A pessoa com Alzheimer, ao contrário, pode manter desinteressada em muitas ou todas as suas atividades.

 

Texto extraído do livro: Usar o cérebro – editora planeta

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