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As mudanças no córtex pré-frontal dorso-lateral no adolescente

Apesar da aparência “quase” adulta dos nossos adolescentes, devemos lembrar que os seus cérebros ainda são imaturos. Hoje nossa neuropsicóloga Dra. Celina Vallim vai falar sobre uma das áreas mais interessantes do cérebro. Confira.

Por: Correio Nogueirense
02/01/2020

O córtex pré-frontal dorso-lateral é uma região dos lobos frontais mais associadas a funções executivas, incluindo memória de trabalho e atenção seletiva. E com elas vêm o raciocínio abstrato, respostas mais rápidas e eficientes, a introspecção e o insight sobre o próprio pensamento, o controle de impulsos, a resistência a distrações, a melhora da memória de trabalho. E tudo isso torna o adolescente capaz de agir como um adulto no mundo adulto que ela aos poucos passa a habitar.

Um grande problema da melhora cognitiva da adolescência, tornada possível pelo amadurecimento do córtex pré-frontal dorso-lateral, é que o adolescente começa a se sentir capaz de muitas coisas antes de sê-lo, de fato. Adolescentes já capazes de raciocínio abstrato, principalmente os que têm aparência adulta como seus companheiros mais velhos, podem se julgar capazes de tomar decisões antes de se tornarem capazes avaliar todas as conseqüências possíveis – o que não acontecerá com o amadurecimento de outra região pré-frontal, o córtex orbito-frontal, a penúltima a ficar “pronta”.

Os adolescentes são impulsivos e dão desculpas esfarrapadas para seus atos impensados por causa de um córtex pré-frontal ainda imaturo.

O famoso “fiz porque ele fez também” certamente é uma péssima razão para se fazer alguma coisa, mas pode ser uma resposta perfeitamente honesta dada as tendências do cérebro à imitação, os sistema de recompensa embotado que empurra o jovem para novidades arriscadas, e a dificuldade de exercer controle comportamental com um córtex pré-frontal dorso-lateral ainda imaturo. Em face das imitações, uma saída pode ser lembrar ao adolescente, antes de imitar o comportamento do colega, que ele não é obrigado a fazer tudo o que os outros fazem.

Uma alternativa saudável é reconhecer que nem sempre há uma razão para os atos dos adolescestes, e ajudá-los a não repetir a besteira ou fazer outras parecidas. Isso envolve dizer claramente por que eles devem ou não devem fazer alguma coisa, uma vez que o córtex orbito-frontal deles ainda não é bem capaz de chegar sozinho a antecipar as conseqüências de seus atos.

 

Fonte: texto extraído do livro “O cérebro em transformação – Suzana Herculano-Houzel.

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