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Características gerais de uma criança com TEA

No artigo de hoje, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica como você pode identificar o autismo. Confira.

Por: Correio Nogueirense
28/04/2022

Nós, humanos, somos seres sociais desde o início da vida. Os bebês, muito cedo, olham para os pais e/ou cuidadores, voltam-se direção a um barulho, agarram os dedos das pessoas e por sua vez, as crianças com TEA têm dificuldade para lidar com as interações sociais. Já no primeiro ano, muitas preferem brincar com objetos e apresentam pouca interação com adultos, a brincadeiras que pais ou cuidadores fazem e têm dificuldade em imitar, mesmo que seja um “tchau”. O olhar é fugaz e apresenta dificuldades para apontar e mostrar outros objetos de desejo. Pesquisas sugeriram que, muito embora as crianças sejam afeiçoadas aos pais, o modo como expressam a afeição é incomum e difícil de “entender”. Para os pais parece que os estão “ligados”.

As crianças com TEA também demoram a aprender e interpretar o pensamento e os sentimentos dos outros. Dicas sociais sutis, como um sorriso, um gesto ou uma carranca, fazem pouco sentido para o autista. Para uma criança que tem esse tipo de dificuldade de interpretação, a frase “Venha cá” tem, sempre, o mesmo significado, independentemente de o interlocutor estar sorrindo e abrindo os braços para um abraço ou estar carrancudo, com as mãos na cintura. Sem a capacidade de interpretar os gestos e as expressões o mundo social pode parecer um enigma. Para aumentar o os autistas têm dificuldade de ver as coisas sob o ponto de outra pessoa. A maior parte das crianças com 5 anos compreende o que os outros pensam e sentem e tem objetivos diferentes.

Uma criança com TEA pode não ser capaz de desenvolver esse tipo de entendimento. Essa incapacidade impede a antecipação e a compreensão das ações dos outros.

Muito embora não seja regra, pode ser que as crianças com TEA tenham dificuldade para regular as próprias emoções. Isso pode se traduzir em comportamentos “imaturos”, como choro durante uma aula ou explosões verbais que não parecem adequadas aos outros. Algumas vezes, podem parecer arruaceiras e fisicamente agressivas, o que dificulta, ainda mais, as relações sociais. Quando o ambiente é desconhecido e estressante ou quando estão com raiva ou frustradas, elas tendem a “perder o controle”. Algumas vezes, podem quebrar objetos, atacar os outros ou a si próprias. Quando se sentem frustradas, às vezes batem a cabeça no chão, na parede ou no berço, puxam o próprio cabelo ou mordem os próprios braços.

Felizmente, podemos ensinar as crianças com TEA a interagir socialmente, usar gestos e reconhecer as expressões faciais. Além disso, há diversas estratégias que podem ajudar as crianças autistas a lidar com as suas frustrações, para que não usem comportamentos desafiantes.

 

Como funciona o cérebro de um indivíduo com TEA?

O cérebro de um indivíduo com TEA se desenvolve de uma forma diferente do que é esperado quando comparado com o de crianças com desenvolvimento típico. Pesquisas têm revelado que existem alterações na conectividade das redes sinápticas e alterações neuroanatômicas, bem como desequilíbrio entre os neurotransmissores excitatórios e inibitórios.

Um número maior de neurônios foi encontrado no córtex pré-frontal e uma diminuição na amígdala, no giro fusiforme e no cerebelo.

Há também características de neuroinflamação. Assim, dependendo desses fatores e das redes neurais afetadas, serão formados diferentes tipos de funcionamento cerebral, que, em sua maioria, diferentes um do outro. Assim, cada indivíduo será diferente demais, podendo ter traços mais leves ou mais acentuados das características, o que indicará o nível de comprometimento e a necessidade de mais ou menos apoio. Por isso, considera-se que essas formam um espectro. Para entendermos o funcionado cérebro autista, pode-se avaliar o perfil neuropsicológico.

 

Fonte: Livro: Como lidar com o autismo – Editora hogrefe.

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