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Como se faz o diagnóstico de TEA

O diagnóstico de TEA é realizado através de testes clínicos, conversa com os pais e observação do comportamento da criança. A neuropsicóloga Celina Vallim, explica neste artigo. Confira.

Por: Dra. Celina Vallim
14/04/2022

O DSM-5 apresenta a seguinte descrição clínica dos critérios diagnósticos:

  1. Prejuízos na comunicação e interação social que estejam presentes em diferentes contextos que devem ser caracterizados em todas as seguintes esferas:

1.1. Dificuldades nas trocas socioemocionais com prejuízos em diversas áreas, como estabelecer diálogos e interações sociais, e compartilhar interesses e emoções.

1.2. Dificuldades na comunicação não verbal com prejuízos em diversas áreas, como compreensão e uso de gestos e expressões faciais, atenção compartilhada e contato visual.

1.3. Dificuldades no estabelecimento de relações com prejuízos em diversas áreas, como adaptar os comportamentos a diferentes situações sociais, compartilhar brincadeiras e jogos e fazer amizades.

  1. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades que devem ser caracterizados em pelo menos duas das quatros esferas:

2.1. Estereotipias motoras, como balançar o corpo, balançar as mãos, andar na ponta dos pés; estereótipos de objetos como alinhar ou empilhar brinquedos; ou estereotipias de discurso como ecolalias, alterações de prosódia.

2.2. Inflexibilidade; dificuldades em mudar rotinas, como mudar um caminho ou sentar-se em algum lugar diferente; comportamentos ritualizados; rigidez de pensamentos.

2.3. Interesses fixos e circunscritos, como gostar de objetos ou assuntos incomuns ou fora do padrão para a idade como por exemplo: motores de carros, astrofísica, panelas, ou em uma intensidade muito maior que a usual.

2.4. Alterações na resposta sensorial como pouca sensibilidade a dor, percepção intensa ou pouca resposta a estímulos sensoriais ou visuais, exploração não usual de objetos e pessoas, como cheirar, tocar, lamber ou levar à boca.

A classificação do TEA, segundo o DSM-5, se dá por meio do nível de gravidade. Portanto, hoje o diagnóstico pode indicar se a gravidade do TEA é leve (nível I), moderada (nível II) ou severa (nível III). A gravidade está totalmente correlacionada à funcionalidade da pessoa com TEA e à quantidade de apoios de que ela necessita para exercer diversas funções, ou seja, suas necessidades de apoio para comunicação verbal e não verbal, comportamento, interação social, flexibilidade, mudança de rotina e sensibilidade sensorial. Quanto maior é a necessidade de apoio, mais grave é considerado o caso do indivíduo.

 

Interação/comunicação social

Nível 1 (necessita de suporte): Prejuízo notado sem suporte; dificuldade em iniciar interações sociais, respostas atípicas ou não sucedidas para o social; interesse diminuído nas interações sociais; dificuldade para manter uma conversa; tentativas de fazer amigos de forma estranha e malsucedida

Nível 2 (necessita de suporte substancial): Déficits marcados na conversação; prejuízos aparentes mesmo com suporte; iniciação nas interações sociais; resposta anormal/dificuldades às interações sociais.

Nível 3 (necessita de suporte muito substancial): Prejuízos graves no funcionamento; iniciação de interações sociais muito limitadas; resposta reduzida às interações sociais.

 

Comportamento restrito/repetitivo

Nível 1 (necessita de suporte): Comportamento interfere significantemente na função; dificuldade para trocar de atividades; independência limitada por problemas com organização e planejamento.

Nível 2 (necessita de suporte substancial): Comportamentos suficientemente frequentes, sendo óbvios para observadores que não conhecem tanto a questão do TEA; comportamento interfere na função em grande variedade de ambientes; aflição elou dificuldade para mudar o foco ou a ação.

Nível 3 (necessita de suporte muito substancial): Comportamento interfere marcadamente na função em todas as esferas; dificuldade extrema de lidar com mudanças; grande aflição/dificuldade de mudar o foco ou a ação.

Outra questão importante em relação ao diagnóstico é que os sintomas devem estar presentes logo no início do período do desenvolvimento da criança, entretanto podem se manifestar também quando a criança é colocada em situações que exigem a sua sociabilidade, por exemplo, quando ingressa na escola ou creche. Por fim, os sintomas devem causar prejuízo nas diversas áreas, como escola, família e relações sociais.

 

Fonte: Livro: Como lidar com o autismo – Editora hogrefe.

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