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Emoção e razão postas em jogo nas decisões

No artigo de hoje, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica que pesquisas recentes demonstram que a tomada de decisões é um processo que depende de áreas cerebrais envolvidas no controle das emoções, confira!

Por: Dra. Celina Vallim
24/02/2022

Muitas teorias assumem que as decisões derivam de uma avaliação de alternativas de possíveis resultados, com uma análise custo-benefício. A evidência científica indica que decidimos basicamente com as emoções. Pesquisas recentes demonstram que a tomada de decisões é um processo que depende de áreas cerebrais envolvidas no controle das emoções. Permanentemente estamos tomando decisões, e a velocidade dos acontecimentos que ocorrem conosco faz que não haja tempo para racionalizar os prós e contras de cada decisão. Elas dependem da região cerebral que emerge vitoriosa de uma batalha entre os centros emocionais e racionais.

A noção de que somos seres conscientes, com poder para fazer nossas próprias escolhas na vida, foi questionada pelas neurociências. Como veremos mais adiante em outro artigo, Benjamin Liber, da Universidade da Califórnia, demonstrou que algumas áreas do cérebro são ativadas antes que um indivíduo se conscientize de uma decisão particular como mexer uma perna. Uma análise da pergunta sobre se possuímos livre-arbítrio exige que se leve em conta o processo de tomada de decisões, e este é influenciado por processos implícitos que muitas vezes não chegam à consciência.

Há um tipo de paciente com disfunção emocional que, como também veremos, apresenta miopia do futuro em sua tomada de decisões, ao privilegiar a recompensa imediata, embora isso repercuta negativamente a longo prazo. Um dependente pode compreender que o consumo intenso de droga poderá lhe trazer problemas sociais, profissionais, econômicos e familiares a longo prazo, no entanto, ele não consegue resistir à tentação da recompensa imediata que lhe proporciona o consumo da substância. Isso não se explica por dificuldade na racionalidade ou na compreensão, mas por uma disfunção emocional que exerce um impacto negativo nas decisões a longo prazo.

A ciência está começando a iluminar o caminho que nos permitirá entender por que escolhemos quando escolhemos. E aqui a palavra “entender” é decisiva na função social, que não é outra coisa senão a história da tomada coletiva de decisões.

 

Texto extraído do livro: Usar o cérebro – editora planeta

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