Na última terça-feira (31), o Poder Executivo municipal de Artur Nogueira encaminhou um pedido ao Presidente da Câmara, vereador Ermes Rodrigues Dagrela (PR), pedindo a retirada do projeto da construção do novo cemitério, projeto de lei Complementar 009/2018.
De acordo com o ofício de número 181/2.018 homologado no Diário Oficial da cidade, “Exercendo o Artigo 180, inciso V§ 3°, do regimento interno da Câmara Municipal, o atual prefeito do município Ivan Vicensotti (PSB), retirou a petição para aprovação em câmara para novos estudos e adequação”.
Segundo o vereador Davi Fernandes (DEM), a ação de retirada do projeto pelo Poder Executivo foi coerente com a insatisfação da população. “Com relação à retirada do PLC, em minha opinião, o executivo teve bom senso, e percebendo que o projeto dificilmente seria aprovado, acabou pedindo a retirada. Acredito também que a opinião dos moradores tenha sido fundamental neste processo”, disse.
Davi espera que o Executivo não use argumentos que não tenham fundamentos no dia da audiência pública que discutirá o assunto. “Só espero que na audiência pública do próximo dia 09, não sejamos surpreendidos e tenhamos que ouvir argumentos, como: Se não for ali, não teremos onde enterrar nossos entes queridos, ou; A culpa é da Câmara por não aprovar este projeto. Espero que nessa mesma audiência, a prefeitura apresente outra área ou uma solução e que não prejudique a população”, ressaltou.
Fernandes enxergou com bons olhos a atitude do Prefeito. “Vejo a atitude do prefeito com coerência, até porque o tamanho do espaço até então sugerido, teoricamente resolveria o problema somente neste mandato, empurrando assim o problema para mandatos futuros. Querer desafetar uma área verde, com grande resistência dos moradores próximos, para resolver por apenas oito anos – se é que duraria tudo isso – não resolve o problema, apenas protela e causa outros”, explica.
Davi ainda falou que espera um desfecho positivo desta história. “Espero que tenhamos uma área maior, que possa comportar um cemitério por pelo menos uns 50 anos, e que não prejudique famílias que compraram suas casas de frente a uma área verde. Vale ressaltar que, desde o início do mandato, a atual administração sabia da necessidade de se fazer um projeto de um novo cemitério, portanto, nem a Câmara e nem a população tem culpa, caso não tenha como enterrar seus familiares aqui. Tivesse feito um estudo com antecedência para não chegar a tal ponto”, acrescentou.
O Vereador Lucas Sia (PSD), também se posicionou no caso e assim como o vereador Davi, achou positiva a retirada do projeto. “Fiquei satisfeito pela retirada do projeto, no qual afetaria o cotidiano dos moradores do bairro Ida Sia. Mas ressalto a urgência de se encontrar um plano que resolva essa situação tão preocupante. Lembrando, que esse problema não é uma novidade, a atual gestão já tinha consciência dessa situação e deveria ter tomado uma atitude rápida, a ponto de não chegar ao extremo do qual estamos vivenciando”, disse.
O vereador ainda ressalta que a prefeitura deve tomar providências o mais rápido possível. “Espero que o executivo tome uma atitude urgente, que respeite a população e que seja por um período duradouro, todos estamos cansados de empurrarem os problemas para a gestão seguinte”, ressaltou.
Discordância com o Projeto
No dia 12 de Junho, aconteceu uma audiência Pública na Câmara Municipal, para discutir o Projeto de Lei Complementar que visa ampliação do Cemitério Municipal de Artur Nogueira.
Segundo a PLC de autoria do Poder Executivo, tem “o objetivo de solicitar a autorização para desafetar as Áreas Verdes das Quadras “T”, “U” e “V” do loteamento denominado “Parque Residencial Ida Sia” da categoria de Espaço Livre de Uso Comum, e os Prolongamentos das Ruas Constabile Romano e Teodoro Alfredo Tetzner no mesmo loteamento da categoria de sistema viário, unificar estas 5 (cinco) áreas em uma só área ainda como bem público de uso comum do povo reafetada como “Área Institucional a denominar-se Área Institucional da Quadra “T”” do loteamento denominado “Parque Residencial Ida Sia”.
Em entrevista ao Correio Nogueirense no dia da audiência, o vereador Davi Fernandes (DEM), explicou que os moradores residentes nas proximidades do cemitério, não concordaram com a proposta.
“O Engenheiro da Prefeitura Helton Filippini foi lá, apresentou o projeto para os moradores, e eles não concordaram com a explanação dele”. Ainda de acordo com Davi, o engenheiro estava representando a parte técnica e não política, “o que quer dizer que ele apenas desenvolveu o que a prefeitura pediu”, ressalta.
Na ocasião, também foi formado entre os moradores presentes, uma comissão para futura reunião com o prefeito Ivan Vicensotti, para analisarem melhor a proposta e chegarem a uma conclusão. De acordo com Rosa Maria leite Oliveira, uma das lideres que está à frente do movimento de moradores do bairro que é contra o projeto, um baixo assinado já foi feito.
“Conseguimos 130 assinaturas. No começo não aceitamos, pois quando compramos os terrenos, nos disseram que essa seria uma área verde com praça, brinquedos pras crianças, uma quadra, enfim, tudo isso que já foi feito em outros bairros”, explicou.
Rosa ainda lembra que na época de campanha eleitoral, o prefeito Ivan Vicensotti prometeu que a área seria preservada. “Inclusive o prefeito visitou o nosso bairro em época de campanha e confirmou que ele iria fazer isso, mas agora pensando bem, a gente acha que usar essa área não vai resolver o problema da cidade por conta do espaço ser muito pequeno. Seria um grande desperdício do dinheiro público”, acrescentou.
O Vereador Professor Adalberto (PSDB), também se demostrou contrário ao projeto. Em um artigo redigido pelo mesmo, o parlamentar apresenta a sua posição.
Confira abaixo um trecho do artigo:
A população nogueirense não precisa de uma figura caricata de político, mas de um gestor público com competência e habilidade para utilizar ferramentas de administração de forma precisa e clara. Tenho observado, com reservado ar de preocupação, que em nossa cidade estão em busca de culpados para justificarem suas inabilidades políticas….culpados….buscam culpados…! Culpados do quê? De o cemitério estar com seus dias limitados? Por não termos, em breve, lugar para sepultar os entes-queridos? Por que poderemos não ter? Por que depois de 18 meses de governo transferem a responsabilidade para a câmara municipal? Este problema está sendo adiado há anos e agora querem pegar uma área verde destinada a uma praça e transformá-la em cemitério para expandir o atual, que certamente terá uma sobrevida de aproximadamente 8 (oito) anos?
Prefeitura
A prefeitura foi procurada para responder sobre a situação do projeto e se houve alteração na data da audiência pública, organizada pelo poder executivo para discutir o projeto no dia 09 de agosto, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos nenhuma resposta.