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Falando sobre o TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

No artigo de hoje, a neuropsicóloga Celina Vallim, explica que o TDAH é uma alteração de neurodesenvolvimento caracterizada por uma excessiva dificuldade em iniciar, manter e direcionar a atenção durante as atividades do cotidiano.

Por: Dra. Celina Vallim
23/06/2022

O TDAH é uma alteração de neurodesenvolvimento caracterizada por uma excessiva dificuldade em iniciar, manter e direcionar a atenção durante as atividades do cotidiano. Quando falamos em todo e qualquer problema de neurodesenvolvimento, sabe-se que ele se inicia nos primeiros anos de vida do indivíduo e leva a atrasos ou desvios nas mais diversas áreas do desenvolvimento, como por exemplo nas habilidades motoras, na autorregulação cognitiva e emocional, na linguagem, na capacidade adaptativa e na interação social.

Apesar de vivermos em plena era da tecnologia e acompanharmos diariamente os avanços nas pesquisas genéticas e moleculares, ainda engatinhamos no reconhecimento de transtornos que levam a problemas de comportamento e de desenvolvimento, como é o caso do TDAH. Um paradoxo cruel, entre tantos que existem.

Segundo Clay Brides, em mais de vinte anos atendendo pacientes com esses transtornos, percebo que muitas pessoas não compreendem que existam distúrbios e alterações reais não detectadas em exames de sangue ou de imagem. Testes negativos de laboratório não significam absolutamente nada quando estamos investigando condições que afetam o comportamento.

Tampouco é questão de aparência. Não é raro encontrarmos pessoas muito inteligentes e de grande potencial que sofrem ao sentir que não conseguem cumprir ações rotineiras. Isso acontece porque, na maioria dos casos, o TDAH tem a ver com o funcionamento da mente de uma forma geral, não com um problema estrutural do cérebro como órgão do corpo.

A falta desse entendimento resulta em prejuízos na vida dessas pessoas, predominantemente jovens, e de quem vive com elas, revelando-se em problemas na aprendizagem escolar e nos relacionamentos sociais.

Se tal desconhecimento estivesse restrito aos pais, cuidadores e leigos seria compreensível. Mas vemos profissionais de educação e de saúde — médicos ou não — com informações desencontradas e preconceitos injustificáveis, atitudes que nutrem ainda mais os medos e as hesitações de como investigar e tratar o transtorno.

O objetivo principal aqui, é esclarecer, de uma vez por todas, o que é o TDAH. O público merece e precisa saber como suspeitar, identificar, entender como funciona e como tratar crianças, adolescentes e adultos com TDAH.

A literatura médica já contempla uma infinidade de dados históricos, epidemiológicos, clínicos, genéticos, neurocientíficos, psicológicos e psiquiátricos que comprovam e detalham o assunto, formando um quadro consolidado de descobertas e evidências sobre o TDAH tão ou mais sólidas que as evidências da hipertensão arterial ou da diabetes.

Pesquisas mostram que pais de crianças com TDAH têm maior nível de estresse do que os pais de crianças com asma. Isso acontece porque crianças com a síndrome comumente sofrem acidentes, enfrentam dificuldades e até reprovações na escola; são excluídas de círculos de amizades, sentem imenso desamparo, além de terem problemas alimentares e de sono em frequência maior do que crianças sem TDAH. Como alguém ainda pode achar que TDAH não existe? Ou pior, dizer que é uma invenção de médicos tendenciosos?

 

Texto extraído do livro: “Como lidar com mentes a mil por hora” – Dr. Cly Brites (Editora Gente).

 

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