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Memória Seletiva

A neuropsicólga, Celina Vallim, explica a maioria das pessoas tem uma memória muito seletiva e tende a se lembrar de dados ou acontecimentos importantes, segundo seu interesse, seja no caso de assuntos de trabalho ou de passatempos.

Por: Dra. Celina Vallim
19/08/2021

A maioria das pessoas tem uma memória muito seletiva e tende a se lembrar de dados ou acontecimentos importantes, segundo seu interesse, seja no caso de assuntos de trabalho ou de passatempos. Os advogados e juízes se lembram de leis em detalhes, os sorveteiros sabem onde está cada um dos sabores, embora haja mais de cinquenta, e os médicos conhecem uma incrível quantidade de doenças, embora na maioria das vezes os pacientes só estejam com gripe.

Há vários anos, Eleanor A. Maguire, uma importante neurocientista britânica, pesquisou a memória dos taxistas de Londres. Observou que eles tinham uma extraordinária capacidade de memorizar mapas e circular pelas inúmeras ruazinhas de Londres com grande facilidade. Tomando como base essa pesquisa, comprovou que eles tinham o hipocampo mais desenvolvido. A partir desses estudos, em Buenos Aires, um grupo de cientistas pesquisadores estudou como os clássicos garçons portenhos se lembravam de tantos pedidos sem os anotar e, algo mais intrigante ainda, como faziam para servir ao cliente o pedido correto. Em nenhum outro lugar do mundo um garçom faz isso. Essa pesquisa permitiu concluir, em um artigo publicado no ano de 2008 na revista científica Behavioural Neurology, que a resposta à pergunta “o que fazem nossos garçons para se lembrar e entregar eficazmente aos clientes a comida e a bebida pedidas” é: eles geram um mapa mental das pessoas em localizações específicas e as associam aos pedidos.

Essa experiência, de que trataremos mais detalhadamente no próximo artigo, permite também responder a uma das questões sobre o treinamento voluntário da memória e suas consequências. A melhor maneira de conservar uma grande quantidade de informação ao longo do tempo é repô-la periodicamente. A revisão do material induz o cérebro a consolidar a informação, fortalecendo assim a rede neuronal em que ela está contida no cérebro.

 

Texto extraído do livro: Usar o cérebro – editora planeta

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