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O cérebro social

A neuropsicóloga Celina Vallim, explica que se queremos entender os seres humanos, a compreensão das capacidades relacionadas com a sociabilidade adquire um papel fundamental. Confira o artigo.

Por: Dra. Celina Vallim
30/12/2021

Para os seres humanos, a sobrevivência depende em grande medida, de um efetivo funcionamento social. As habilidades sociais facilitam o nosso sustento e proteção. Se queremos entender os seres humanos, a compreensão das capacidades relacionadas com a sociabilidade adquire um papel fundamental.

O estudo da cognição social tem suas raízes na psicologia social. Disciplina que procura entender e explicar como os pensamentos, as sensações e o comportamento do indivíduo são influenciados pela presença, seja ela real ou imaginária, de outras pessoas. Busca compreender o indivíduo dentro de um contexto social e cultural e se centra em como as pessoas percebem os outros dão atenção, lembram e pensam neles, o que envolve um processamento emocional e motivacional.

Existem teoria que sustentam que o tamanho do cérebro se relaciona principalmente com o alcance do contato social em cada espécie. Partindo dessa afirmação,  muitos se perguntaram se a complexidade de nosso cérebro não se deve justamente à complexidade social de nossa espécie. Outros pesquisadores postulam que o desenvolvimento da capacidade de manipular os outros (ou engano tático) foi crucial para evolução de nosso cérebro.

A cognição social inclui diversos processos cognitivos, tais como a “ teoria da mente”, a empatia, o reconhecimento de expressões faciais, o processamento de emoções, o juízo moral e a tomada de decisões.

Como comportamento social tem demandas únicas, tende-se a pensar que ele possui sistemas cerebrais especializados. Ele requer uma identificação muito rápida dos estímulos e sinais sociais (como o reconhecimento das pessoas e sua disposição para conosco), uma importante e necessária integridade da memória (para recordar quem é e quem não é amigo com base em nossa experiência), uma rápida antecipação da conduta dos outros e a geração de múltiplas avaliações comparativas. Por outro lado, os desafios cognitivos requeridos para a interação social parecem ser diferentes daqueles requeridos para os objetivos (não humanos).

Uma interação apropriada com outro ser humano necessita de um reconhecimento inicial de quem está a sua frente é outra pessoa, distinta dele mesmo e com um estado psicológico interno diferente. A partir daí, devemos incluir as motivações internas, os sentimentos e as crenças que subjazem em seu comportamento, considerando, além disso que os estados mentais de cada indivíduo se enquadram em características mais estáveis da personalidade. Finalmente, deve-se levar em conta de que modo nosso comportamento influencia o da outra pessoa, tanto para agir de maneira socialmente apropriada, como para tentar persuadir o estado mental do outro. A cognição social se relaciona com o resto das capacidades cognitivas com o objetivo último de guiar nossa vida em sociedade, como estratégias, às vezes involuntárias e automáticas, muitas vezes abaixo dos níveis de nossa consciência.

 

Texto extraído do livro: Usar o cérebro – editora planeta

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