O diagnóstico de TEA no decorrer da sua história vem sendo modificado e, cada vez mais, aprimorado. Uma das causas para o aumento desse número de casos é atribuída à adoção de um conceito mais amplo do TEA que é considerado o espectro.
Há também outros fatores que são considerados importantes no que diz respeito a esse aumento. Por exemplo, os profissionais clínicos e pediatras têm maior consciência sobre as manifestações clínicas do TEA, bem como a comunidade em geral, por conta das diversas campanhas que são realizadas nos diferentes meios de comunicação, como mídia impressa e televisão.
Além da conscientização dos profissionais, há uma melhora nos serviços de atendimento e também uma melhor detecção dos casos de TEA sem deficiência intelectual. Por último, os trabalhos têm demonstrado que a melhora do diagnóstico tem permitido identificar, como casos de TEA, pessoas que antes eram diagnosticadas com deficiência intelectual ou com transtorno de aprendizagem.
Quem tem mais risco de sofrer de TEA?
O TEA é muito mais comum em meninos que em meninas, ou seja, para cada menina com esse transtorno, há três meninos com TEA. As pesquisas também têm mostrado que a chance aumenta para irmãos, isto é, a taxa varia de 3% a 19%. Já em irmãos gêmeos, a chance aumenta ainda mais, sendo de 50% a 95% em gêmeos monozigóticos (quando são formados a partir de um ovulo só) e de 10% a 30% em gêmeos dizigóticos (quando são de dois óvulos diferentes).
É importante ressaltar que não há evidências de pesquisas mostrando maior risco para raça, etnia e classe social.
O que causa 0 TEA?
O que se sabe até o momento sobre as causas do TEA é que não existe uma causa única para o desenvolvimento desse transtorno. O TEA tem etiologia multicausal que engloba uma combinação de influências genéticas que interagem com os fatores ambientais. Essas influências parecem aumentar o risco de uma criança desenvolver autismo. No entanto, é importante ter em mente que o aumento do risco mesmo que causa. Por exemplo, algumas alterações genéticas associadas ao autismo também podem ser encontradas em pessoas que não têm o distúrbio. Da mesma forma, nem todas as pessoas apostas a um fator de risco ambiental para o autismo desenvolverão o distúrbio. De fato, a maioria não desenvolverá.
Outro fator importante é que os estudos mostram uma variedade muito grande dos genes que podem ter envolvimento com TEA, ou seja, existe um número grande de genes envolvidos. O TEA tende a ocorrer em famílias. As alterações genéticas podem ocorrer de duas formas. Eis uma delas: o pai ou a mãe carrega uma ou mais dessas alterações genéticas e pode transmitir para um filho. Esses pais não necessariamente precisam ter TEA.
Outras vezes, essas alterações genéticas surgem espontaneamente em um embrião inicial ou no esperma e/ou óvulo que se combinam para criar o embrião. A maioria dessas alterações genéticas não causa o TEA por si só, simplesmente aumenta o risco para ocorrência do transtorno. Os fatores de risco ambiental combinados com os genéticos podem causar o TEA.
Os riscos ambientais que aumentam a possibilidade de TEA são: idade avançada dos pais (pai ou mãe), complicações na gravidez e no nascimento (por exemplo, prematuridade extrema – antes das 26 semanas), baixo peso ao nascer, gestações múltiplas (gemelar, trigêmeo), exposição intrauterina a algumas infecções virais, como rubéola ou citomegalovírus. Alguns estudos indicam que o ácido valproico (substância medicamentosa usada para convulsões ou como estabilizador de humor) ou pesticidas podem aumentar a chance de um bebê ter TEA.
O uso de vitaminas pré-natais que contêm ácido fólico, antes e durante a concepção e durante a gravidez, sugere uma diminuição do risco para TEA.
Não podemos deixar de ressaltar que foram realizadas longas pesquisas com o intuito de descobrir se existe alguma ligação entre as vacinas na infância e o TEA. Os resultados são claros em afirmar que vacinas não causam TEA, nem aumentam a chance.
Fonte: Livro: Como lidar com o autismo – Editora hogrefe.