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Primeira transexual de Artur Nogueira altera oficialmente seu nome

Conheça a história de luta contra o preconceito e a favor dos sonhos, de Cissa Martins.

Por: Correio Nogueirense
26/10/2018

O sonho de ser quem deseja ser, motivou Cissa Aparecida Martins, nascida em Mogi Mirim e hoje moradora de Artur Nogueira, que mesmo com todos os nãos, nunca desistiu do que queria, e hoje é oficialmente quem sempre quis ser.

Quem antes tinha o nome de Cirineu, hoje passou a ser Cissa, a primeira transexual de Artur Nogueira, nunca escondeu quem realmente era durante a sua vida. “Quando eu contei para minha família que eu era homossexual tinha 15 anos, na época meu pai me bateu, meus irmãos me bateram, eles não aceitavam, já as minhas irmãs ficaram do meu lado. Um dia eu falei que iria embora com o meu tio em Poças de Caldas, meu pai não me aceitava, diferente do meu tio que sabia e aceitava a minha sexualidade. Quando fui embora minha mãe veio até mim disse “pra onde você vai não importa, só nunca deixe de me chamar de mãe”. Depois de um tempo quando meu pai ficou doente, ele sempre queria que eu fosse com ele ao médico, eu particularmente cuidei do meu pai, ele passou um carinho para mim”, conta.

Cissa tentou diversas vezes mudar seu nome, mas nunca tinha conseguido. “Eu decidi mudar meu nome porque não me sentia a vontade em usar o meu nome antigo, foi muito motivo de chacota, por parte de outras pessoas”. Um dia o vereador e advogado Lucas Sia, que também é amigo de Cissa, decidiu ajudá-la com o sonho de ter o nome que sempre quis.

“A Cissa é minha amiga há muito tempo, um dia estávamos no salão dela e ela comentou deste desejo, eu falei pra ela que ajudaria ela a realizar esse sonho. Acima de tudo isso, é uma questão de dignidade humana e respeito com as pessoas, ela sempre se enxergou como Cissa e deve ser respeitada por isso”, diz Lucas Sia. Ele acredita que a função do estado é fazer com que as leis protejam o cidadão, essa mudança de nome é como uma proteção para ela, para ela poder ser chamada da forma como ela sempre quis.

“Eu nunca me vi homem, acho que desde que eu nasci tenho isso em mim, nunca fui uma criança de querer brincar de bola, sempre me interessava por roupas de cores diferentes, me interessava mais por bonecas. Eu sempre me olhava mais menina do que menino. Fiz um exame quando era criança, o médico afirmou que eu tinha mais hormônios femininos do que masculinos, então o médico falou para o meu pai que se eu quisesse ser um menino eu teria que fazer tratamento hormonal masculino. Fiz tratamentos psicológicos, até que um dia, aos meus 15 anos uma professora me ajudou muito há saber quem eu era, aos meus 18 anos já tinha decidido, fiz cirurgias, coloquei prótese nos seios, hoje sei quem sou de verdade”, explica Cissa.

Hoje Cissa é casada com Alexandre, mas lembra de que no início sofreu muito preconceito por parte de algumas pessoas da cidade. “Eu sou a primeira transexual de Artur Nogueira, sofri bastante preconceito, hoje acredito que dei a volta por cima, porque muitos que me humilharam, são meus clientes. Eu me sinto realizada, meu sonho era conhecer uma pessoa maravilhosa, casar e isso eu consegui, eu tinha medo no início, do Alexandre achar muito cedo para casarmos, mas ele veio até mim e me pediu em casamento, hoje somos casados tanto no civil, quanto no religioso”, conta.

“Minha esposa, conheço há 3 anos, lutou durante muito tempo para fazer este processo, neste período era como se acendesse uma luz e aquela luz fosse ficando fraca com o tempo e se apagando, isso nunca afetou nosso relacionamento. Hoje graças a Deus e ao nosso padrinho Lucas Sia conseguimos esta conquista juntos”, diz Alexandre, esposo de Cissa.

Cissa hoje carrega uma história de luta e amor, nunca se esqueceu de seus sonhos e principalmente de sua família. “Eu amo minha família, amo a família do meu marido, que apesar de tudo, eles me aceitaram. O Alexandre veio na hora certa, quando meu pai faleceu ele já estava comigo e os gostos do Alexandre, são os mesmos do meu pai”.

“As pessoas que querem precisam persistir, se não houver persistência não há ganho, é um dia após o outro, devemos sempre começar a subir a escada pelo primeiro degrau, pois um dia chegamos ao topo, não devemos nunca desistir de nossos sonhos”, conclui Cissa, que hoje tornou realidade mais um de seus grandes sonhos.

Confira algumas fotos desse dia tão especial para Cissa:

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