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Transtornos de ansiedade na infância

Medo de ficar sozinho, de falar e de ir à escola: os sintomas de ansiedade em crianças podem até parecer normais - mas não podem ser ignorados. A neuropsicóloga, Celina Vallim, explica os principais sintomas e quando buscar auxílio.

Por: Dra. Celina Vallim
17/06/2021

O ser humano sempre se deparou com perigos à sua sobrevivência, precisando se proteger diante de diversas situações difíceis e ameaçadoras, que fazem parte de seu cotidiano. Nessas situações estressantes, o organismo é preparado para uma reação imediata diante do perigo, através de mensagens enviadas do cérebro ao sistema autônomo, que libera substâncias químicas que produzem sensações físicas e mentais, como aceleração do batimento cardíaco, mudança no direcionamento do fluxo de sangue, aumento da transpiração, estado de alerta da atenção, desejo enorme de fuga da situação, desejo de agredir, entre outras reações.

Todas estas sensações têm o propósito de preparar o organismo para uma reação de proteção frente ao perigo. Por exemplo, o batimento cardíaco acelerado serve para tornar mais rápido o fluxo sanguíneo, direcionando o fluxo aos músculos grandes (coxas e braços) e facilitando a reação de fuga ou enfrentamento do problema.

Além de respostas fisiológicas, mecanismos cognitivos (antecipação de consequências desastrosas), motivacionais (desejo de estar longe da situação traumática), afetivos ou emocionais (sentimento de terror) e comportamentais são ativados. Todo esse conjunto de modificações emocionais e físicas está na base dos transtornos de ansiedade. Mas, pessoas de distintas localidades e culturas manifestam ansiedade diferentemente. Em algumas culturas prevalecem os sintomas físicos; em outras os cognitivos (preocupação, medo).

Os transtornos de ansiedade podem afetar as pessoas em todas as fases da vida. Torna-se um problema psiquiátrico quando impede o funcionamento do indivíduo e a realização de tarefas cotidianas. Alguns estudos mostram que crianças com transtornos de ansiedade têm mais dificuldade para fazer amizades, do que aquelas que não têm este tipo de problema. A ansiedade em nível patológico tem um impacto grande na vida social e escolar das crianças, resultando em consequências futuras sérias.  Dentre todos os transtornos psiquiátricos, os de ansiedade são considerados por vários autores como os mais comuns em crianças.

Há uma tendência que esses transtornos persistam até a vida adulta, caso não sejam tratados. Crianças costumam apresentar, ao mesmo tempo, mais de um transtorno. Estima-se que metade das crianças com transtorno de ansiedade possui outro transtorno associado, seja ele também da esfera da ansiedade ou outros tipos de distúrbios de comportamento, que não os ansiosos.

O relacionamento inseguro da criança com seus cuidadores é um outro ponto importante para se compreender os sintomas de ansiedade. Baseado nas reações dos pais e no tipo de relacionamento estabelecido entre pais e filhos, é que a criança pequena cria seu próprio modelo de funcionamento interno frente às situações da vida.

Ao crescer, outras pessoas e influências se incorporam à forma como uma criança lida com a ansiedade. Os conflitos conjugais, a forma como o pai ou a mãe se relaciona com o cônjuge, o relacionamento entre irmãos, as estratégias educativas dos pais, as crenças dos pais sobre os filhos são outros aspectos que podem estar associados aos transtornos de ansiedade na infância. Por isso qualquer alteração no comportamento da criança é muito importante procurar ajuda com um profissional qualificado.

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